sábado, 1 de dezembro de 2012

Na abertura do tempo do Advento - I Domingo

Momento de Adoração animado pelos Grupos Bíblicos de Santa Engrácia e São Francisco de Assis

Gn 12, 1-4

«O Senhor disse a Abrão: «Deixa a tua terra, os teus parentes e a casa do teu pai e vai para a terra que eu te vou mostrar. Farei de ti um grande povo; hei de abençoar-te e tornar-te famoso. O teu nome será uma bênção.Hei de abençoar os que te abençoarem e amaldiçoar os que te amaldiçoarem. E através de ti serão abençoados todos os povos do mundo.»  Abrão pôs-se a caminho, tal como o Senhor lhe tinha ordenado, e Lot foi com ele. Abrão tinha setenta e cinco anos de idade quando saiu de Haran.»

Meditação:

    Com Abraão começa uma nova etapa da História da Salvação. Deus escolhe revelar-se como Deus único e Abraão, de Ur dos Caldeus, é figura do verdadeiro crente. Deus fala-lhe e Abraão pela escuta da palavra divina, obedece-lhe na liberdade. “Deixa a tua terra, os teus parentes e a casa do teu pai e vai para a terra que eu te vou mostrar... Abrão pôs-se a caminho... tinha setenta e cinco anos”.
    Comenta o Papa Bento XVI no seu novo livro “Jesus de Nazaré. A Infância de Jesus”: «Depois da dispersão da humanidade na sequência da contrução da Torre de Babel, é com Abraão que começa a história da promessa. Abraão alude, antecipadamente, ao que está para vir; é peregrino não só saindo do país das suas origens para a terra prometida, mas também enquanto sai do presente para se encaminhar rumo ao futuro. Toda a sua vida aponta para a frente, possui uma dinâmica que o faz caminhar pela estrada do que há-de acontecer» (p.12).
    Em suma, Abraão aponta para o cumprimento definitivo da promessa – Cristo. Saibamos também nós, neste tempo do Advento, como Abraão, escutar e obedecer à Palavra de Deus, pondo-nos em caminho para Cristo. E diante da Palavra do Senhor, digamos como o fez o Profeta Samuel, mandado por Eli: «Fala, Senhor; o teu servo escuta!» (1Sm 3, 1-10).

SILÊNCIO ADORANTE

2º Lc 1, 26-34

«O anjo disse-lhe: «Salve (Alegra-te!), ó cheia de graça, o Senhor está contigo.» Ao ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que significava tal saudação. Disse-lhe o anjo: «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus [...]». Maria disse ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?» O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus [...] Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela»

Meditação:

    A promessa feita a Abraão cumpre-se agora no “sim” de uma jovem de Nazaré, de seu nome Maria. Educada na escuta da Palavra de Deus, Maria, não reage como Zacarias (Lc 1, 11-29) que se perturbou e se encheu de temor. Na reacção de Maria, depois da perturbação, como refere Bento XVI: «[…]o que se segue depois não é o temor, mas uma reflexão íntima sobre a saudação do anjo. Maria reflecte (entra em diálogo consigo mesma) sobre o que deva significar a saudação do mensageiro de Deus. Assim vemos surgir já aqui um traço característico da figura de Maria […] o confronto íntimo com a palavra (cf. Lc 2, 19.51)» (A Infância de Jesus, pp.33-34).
    Maria, diz-nos o Santo Padre, «não se detém no primeiro sentimento que a assalta, ou seja, a perturbação pela proximidade de Deus no seu anjo, mas procura entender. Por isso Maria aparece como a mulher corajosa, que conserva o auto controlo mesmo diante do inaudito. Ao mesmo tempo é apresentada como mulher de grande interioridade, que conjuga o coração e a mente e procura entender o contexto, o conjunto da mensagem de Deus. Assim torna-se imagem da Igreja, que reflecte sobre a palavra de Deus, procura compreendê-la na sua totalidade e guarda o dom da mesma na sua memória» (A Infância de Jesus, p. 34).
    O “sim” humilde, livre e generoso de Maria é resultado deste confronto íntimo com a palavra de Deus trazida pelo anjo. Pelo seu “sim” o Verbo fez carne e montou a sua tenda no meio de nós. Maria, figura do crente e da Igreja, é aquela que escuta, responde e acolhe de modo frutuoso a Palavra (o Verbo) de Deus no seu seio. Saibamos também nós, neste tempo em que aguardamos a Vinda do Senhor, como Maria viver deste confronto íntimo com a Palavra de Deus e com a mesma coragem responder com o nosso “sim” à Palavra feita carne, para que esta possa gerar e dar frutos em nós. 

Sugestão de Leitura(s) para o Advento:

Profetas:

Miqueias (7 capítulos, 3 a 5 páginas)
Sofonias (3 capítulos, 3 a 5 páginas)
Habacuc (3 capítulos, 3 a 4 páginas)

Evangelho de São Lucas

Pode começar no Advento e lê-lo ao longo do Ano C que agora iniciamos. Terminado o Evangelho, voltamos ao início. E assim continuamente até acabar o ano C.


Luís Marques