segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Paulo VI já é "venerável"

O Papa reconhece as suas "virtudes heróicas", passo prévio para a beatificação

A cura de um feto há 16 anos na Califórnia, possível milagre
 

Redacção, 20 de Dezembro de 2012 às 13:54

Bento XVI reconheceu hoje as "virtudes heróicas" do papa Paulo VI (1897-1978), primeiro passo até à santidade, informou o Vaticano. O papa autorizou a Congregação para a Causa dos Santos que promulgará o decreto pelo qual se reconhecem as "virtudes heróicas" de Paulo VI, ao que a partir de agora se lhe outorga o título de "venerável", durante a audiência que concedeu ao prefeito da dita congregação, o cardeal Angelo Amato.

No passado dia 10 de Dezembro, os cardeais e bispos dessa congregação aprovaram a "positio", o dossier que reconhece toda a documentação sobre o processo de beatificação de Giovanni Battista Montini, o italiano nascido no povoado nortenho de Concesio (Brescia) em 26 de Setembro de 1897, que foi eleito papa em 21 de Junho de 1963 a quando da morte de João XXIII e governou a Igreja até 5 de Agosto de 1978.

Paulo VI nomeou Joseph Ratzinger, o actual papa, em 1977 arcebispo de Múnich (Alemanha) e cardeal.


Depois do reconhecimento das "virtudes heróicas", falta a aprovação de um milagre para que possa ser beatificado. Ao postulador da causa, o sacerdote italiano Antonio Marrazzo, já chegaram vários supostos milagres por intercessão do papa Montini.

Um é a cura de um feto ocorrida há 16 anos na Califórnia (EUA). Segundo os médicos, o feto presentava danos cerebrais irreversíveis e aconselharam a mãe a abortar, esta decidiu seguir em frente, começou a rezar a Paulo VI e o menino nasceu são.

Outro suposto milagre é de uma monja que padecia um cancro incurável e sarou de maneira inexplicável para a ciência.

Segundo alguns meios italianos, não se descarta que o papa Montini possa ser elevado já à glória dos altares em finais do ano 2013, quando Bento XVI encerrar o Ano da Fé, que abriu no passado mês de Outubro no 50º Aniversário do Concilio Vaticano II.

Grupos tradicionalistas católicos já expressaram a sua contrariedade à beatificação do papa Montini, a quem acusam de ser o "culpado" da situação actual da Igreja, derivada da "abertura" do concilio que mudou a face da Igreja e a impulsionou até ao terceiro milénio.

O Concilio Vaticano II foi convocado por João XXIII, que não pode encerrá-lo ao falecer em 3 de Junho de 1963. Poucos dias depois, a 21, os cardeais elegiam como sucessor o cardeal Montini.

Debaixo do Pontificado de Paulo VI celebraram-se as três últimas sessões do Concilio (de um total de quatro), que o encerrou com a frase: "Nenhum é estranho, nenhum excluído e nenhum distante".

A Paulo VI lhe coube dirigir a Igreja Católica naqueles difíceis anos seguintes ao concilio e durante o seu pontificado publicou encíclicas como "Ecclesiam suam", "Populorum Progressio" e "Humanae vitae", esta sobre o controle da natalidade (proibição de métodos anticonceptivos não naturais).

Também inaugurou as viagens pelo mundo, visitando a Terra Santa (1964), onde se produziu o histórico encontro, com abraço fraternal incluído, com o Patriarca ortodoxo Atenagoras; Bombaim (Índia), a ONU (1965), Fátima (Portugal), Istambul, Bogotá, Genebra, Uganda, Ásia Oriental e Austrália. Faleceu em 6 de Agosto de 1978.

O caminho até á santidade tem vários escalões: o primeiro é venerável servo de Deus, o segundo beato e o terceiro santo.

Venerável Servo de Deus é o título que se dá a uma pessoa morta a quem se reconhece ter vivido as virtudes de maneira heróica.

Para que um venerável seja beatificado é necessário que se tenha produzido um milagre devido à sua intercessão e para que seja canonizado (santo) é necessário um segundo milagre. Esse segundo milagre deve ocorrer depois de ser proclamado beato.

(Rd/Agencias)


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