sábado, 15 de dezembro de 2012

O presépio do Papa tem boi e mula

Conta com uma centena de estátuas de terracota

Está colocado nos Sassi (casas escavadas na rocha)

Redacção, 13 de Dezembro de 2012 às 17:29

O Presépio de Belém em tamanho natural que instala o Vaticano no centro da praça de São Pedro terá, como é tradição, as figuras do boi e o burro, os dois animais por antonomásia que a iconografia cristã sempre colocou no lugar onde nasceu Jesus.

O presépio, que este ano está colocado nos Sassi (casas escavadas na rocha) de Matera, cidade da região sul italiana de Basilicata, foi apresentado hoje no Vaticano pelo secretário-geral do Governatorato (governo que gere o pequeno estado), Giuseppe Sciacca, que confirmou a presença do boi e do burro, assim como das ovelhas, que tampouco faltam nos presépios.

O facto de que Bento XVI recordara no seu recente livro "A infância de Jesus" que no Evangelho "não se fala de animais" no lugar onde nasceu Jesus", deu aso a todo o tipo de interpretações.

E isso que o mesmo papa no livro acrescenta que tratando-se de uma manjedoura, "o lugar onde comem os animais", a iconografia cristã captou de imediato esse motivo e "preencheu essa lacuna" e nenhuma representação do Presépio de Belém renuncia ao boi e ao burro.

A oferta do Presépio por parte da região de Basilicata permitirá ao Vaticano poupar o custo do mesmo, depois de que um arcebispo denunciara que em anteriores períodos natalícios a montagem do nascimento chegou a custar 550.000 euros.

Este ano, o presépio, segundo disse o presidente da região de Basilicata, Vito De Filippo, presente no acto custará 90.000 euros, pagos por empresas italianas.

Sciacca acrescentou que o Vaticano só pagará 21.800 euros, que é o custo da mão-de-obra dos empregados do Vaticano.

O secretário do Governatorato negou que a oferta de Basilica esteja relacionada com as críticas aos custos dos presépios de anos anteriores.

Segundo Sciacca, o Governo regional ofereceu ao Vaticano colocar o Presépio num anexo da praça de São Pedro e o Governatorato lhe propôs que o instalassem no centro e assim conseguia-se também uma poupança para os cofres do Vaticano.

O actual núncio da Santa Sé nos EUA e ex-secretário geral do Governatorato, o arcebispo Carlo María Viganó, denunciou em várias cartas enviadas ao papa a "corrupção e má gestão" na administração do Vaticano.

Numa missiva, revelou que a Fábrica de São Pedro, que se encarrega da manutenção dos edifícios do Vaticano, apresentou uma conta "astronómica", de 550.000 euros, pela construção do presépio de Belém colocado na praça de São Pedro em 2009.

Estas missivas aparecem no livro "Sua Santidade", do italiano Gianluigi Nuzzi, que denunciou o escândalo "Vatileaks" do roubo e filtração de documentos reservados do Pontífice e da Santa Sé.

O ex-mordomo do papa, Paolo Gabriele, foi condenado a 18 meses de prisão como autor do roubo e filtração dos documentos, e o informático que trabalha no Vaticano Claudio Sciarpelletti, a dois meses, com pena suspensa, por encobrimento de Gabriele.

O Presépio de Belém, que se está já instalando como é tradição diante do obelisco que há no centro da praça de São Pedro, está colocado nos Sassi (casas escavadas na rocha) de Matera e ocupa uma extensão de 150 metros quadrados.

Os Sassi, que formam a cidade velha de Matera, foram declarados em 1993 património da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

O presépio conta com uma centena de estátuas, que medem entre 35 e 50 centímetros e estão fabricadas em terracota.

São obra do prestigioso mestre italiano Francesco Artese, de 55 anos, e as suas roupas estão inspiradas na tradição de Basilicata.

Junto ao presépio - que será inaugurado no dia 24 à tarde - já se colocou o tradicional abeto, que este ano foi oferecido pela região sul italiana de Molise, vizinha de Basilicata.

O abeto, que se iluminará amanhã, 14 de Dezembro, mede 24 metros de altura.

Além deste presépio, o estado mexicano de Michoacán ofereceu outros dois, colocados nessa zona mexicana. Um foi colocado na Aula Pablo VI, onde o papa celebra as audiências às quartas-feiras, e outro nos Museus do Vaticano, visitados todos os dias por mais de 20.000 pessoas. (RD/Agencias)

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