Durante a mensagem de Natal "Urbi et Orbi", Bento XVI reza pela paz em todo o mundo, especialmente na Terra Santa e na Síria
CIDADE DO VATICANO, 26 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Publicamos a seguir a Mensagem de natal Urbi et Orbi do Papa Bento XVI, pronunciada no pórtico central da Basílica Vaticana ontem, ao meio dia.
***
"Veritas de terra orta est!" - "Da terra germinará a verdade!" (Sl 85,12).
Queridos irmãos e irmãs de Roma e de todo o mundo, um Feliz Natal para todos vocês e para as suas famílias!
Expresso os meus votos de Natal, neste Ano da fé, com estas palavras, tiradas de um Salmo: “Da terra germina a verdade”. No texto do Salmo, na verdade, o encontramos no futuro: “Da terra germinará a verdade”: é um anúncio, uma promessa, acompanhada de outras expressões, que no conjunto soam assim: “Amor e Verdade se encontram, / Justiça e Paz se abraçam; / da terra germinará a Verdade, / e a Justiça se inclinará do céu. / O próprio Senhor dará a felicidade, / e nossa terra dará seu fruto. / A Justiça caminhará à sua frente, / e com seus passos traçará um caminho" (Sl 85,11-14).
Hoje esta palavra profética foi cumprida! Em Jesus, nascido em Belém da Virgem Maria, verdadeiramente o amor e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram; mas a verdade brotou da terra e a justiça surgiu do céu. Santo Agostinho explica com clara concisão: "O que é a verdade? O Filho de Deus. O que é a terra? A carne. Pergunte-se de onde Cristo nasceu, e veja por que a verdade surgiu da terra [...] a verdade nasceu da Virgem Maria" (Em in Ps. 84, 13). E em um discurso sobre o Natal, afirma: "Com esta festa que acontece todos os anos celebramos portanto o dia em que se cumpriu a profecia: “A verdade surgiu da terra e a justiça surgiu do céu”. A Verdade que é no sentido do Pai surgiu da terra para que estivesse também no seio de uma mãe. A Verdade que rege o mundo inteiro surgiu da terra para que fosse sustentada pelas mãos de uma mulher [...] A Verdade que o céu não é grande o suficiente para conter surgiu da terra para ser deitada numa manjedoura. Com que vantagem um Deus tão sublime se fez tão humilde? Com certeza que com nenhuma vantagem para si, mas com grande vantagem para nós, se acreditamos” (Sermões, 185, 1).
"Se nós acreditamos". Eis o poder da fé! Deus fez tudo, fez o impossível: ele se fez carne. A sua onipotência de amor realizou o que vai além da humana compreensão: o infinito se fez criança, entrou na humanidade. No entanto, esse mesmo Deus não pode entrar no meu coração se eu não abrir a porta. Porta fidei! A porta da fé! Podemos ficar assustados, diante dessa nossa onipotência ao contrário. Este poder do homem de fechar-se para Deus pode assustar-nos. Mas eis a realidade que supera este pensamento tenebroso, a esperança que vence o medo: a verdade germinou! Deus nasceu! “A terra produziu o seu fruto” (Sl 67,7). Sim, existe uma terra boa, uma terra saudável, livre de todo egoísmo e de todo encerramento. Há no mundo uma terra que Deus preparou para vir e habitar entre nós. Uma morada para a sua presença no mundo. Esta terra existe, e também hoje, em 2012, desta terra germinou a verdade! Por isso há esperança no mundo, uma esperança fidedigna, até mesmo nas situações e momentos mais difíceis. A verdade germinou trazendo amor, justiça e paz.
Sim, que a paz germine na população da Síria, profundamente ferida e dividida por um conflito que nem mesmo poupa os inocentes e mata vítimas inocentes. Mais uma vez apelo para que cesse o derramamento de sangue, se facilite as ajudas para os refugiados e prófugos e, por meio do diálogo, se consiga uma solução política ao conflito.
A paz germine na Terra onde nasceu o Redentor, e Ele presenteie para israelenses e palestinos a coragem de pôr fim a muitos anos de lutas e de divisões, e de empreender com decisão o caminho da negociação.
Nos Países do Norte da África, que atravessam uma profunda transição em busca de um novo futuro - particularmente no Egipto, terra amada e abençoada pela infância de Jesus - os cidadãos construam juntos uma sociedade baseada na justiça, no respeito da liberdade e da dignidade de cada pessoa.
A paz germine no vasto Continente Asiático.
Que o menino Jesus olhe com bons olhos para os muitos povos que habitam aquelas terras e, especialmente, aqueles que acreditam nele. O Rei da Paz dirija o seu olha aos novos Dirigentes da República Popular Chinesa pela grandíssima responsabilidade que lhes espera. Desejo que eles valorizem a contribuição das religiões, no respeito de cada um, de tal forma que possam contribuir na construção de uma sociedade solidária, para o benefício daquele nobre Povo e do mundo inteiro.
Que o Natal de Cristo favoreça a volta da paz no Mali e da concórdia na Nigéria, onde hediondos ataques terroristas continuam a matar vítimas, especialmente Cristãos. Que o Redentor leve ajuda e conforto aos prófugos do Leste da República Democrática do Congo e dê paz à Quénia, onde os ataques terroristas atingiram a população civil e os lugares de culto.
Que o menino Jesus abençoe os muitos fiéis que O celebram na América Latina. Aumente as suas virtudes humanas e cristãs, apoie todos aqueles que são forçados a emigrar das suas famílias e da sua terra, ajude os governantes no compromisso pelo desenvolvimento e na luta contra o crime.
Queridos irmãos e irmãs! Amor e verdade, justiça e paz se encontram, encarnaram-se no homem nascido em Belém de Maria. Aquele homem é o Filho de Deus, é Deus que apareceu na história. O seu nascimento é um rebento de vida nova para toda a humanidade. Que toda a terra se torne uma boa terra, que acolhe e produz o amor, a verdade, a justiça e a paz. Feliz Natal para todos!
[Depois o Santo Padre dirigiu as saudações de Natal em 65 idiomas. Em português, disse:]
Feliz Natal para todos! O nascimento do Menino Jesus ilumine de alegria e paz vossos lares e Nações!
(Tradução Thácio Siqueira)
CIDADE DO VATICANO, 26 de Dezembro de 2012 (Zenit.org) - Publicamos a seguir a Mensagem de natal Urbi et Orbi do Papa Bento XVI, pronunciada no pórtico central da Basílica Vaticana ontem, ao meio dia.
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"Veritas de terra orta est!" - "Da terra germinará a verdade!" (Sl 85,12).
Queridos irmãos e irmãs de Roma e de todo o mundo, um Feliz Natal para todos vocês e para as suas famílias!
Expresso os meus votos de Natal, neste Ano da fé, com estas palavras, tiradas de um Salmo: “Da terra germina a verdade”. No texto do Salmo, na verdade, o encontramos no futuro: “Da terra germinará a verdade”: é um anúncio, uma promessa, acompanhada de outras expressões, que no conjunto soam assim: “Amor e Verdade se encontram, / Justiça e Paz se abraçam; / da terra germinará a Verdade, / e a Justiça se inclinará do céu. / O próprio Senhor dará a felicidade, / e nossa terra dará seu fruto. / A Justiça caminhará à sua frente, / e com seus passos traçará um caminho" (Sl 85,11-14).
Hoje esta palavra profética foi cumprida! Em Jesus, nascido em Belém da Virgem Maria, verdadeiramente o amor e a verdade se encontraram, a justiça e a paz se beijaram; mas a verdade brotou da terra e a justiça surgiu do céu. Santo Agostinho explica com clara concisão: "O que é a verdade? O Filho de Deus. O que é a terra? A carne. Pergunte-se de onde Cristo nasceu, e veja por que a verdade surgiu da terra [...] a verdade nasceu da Virgem Maria" (Em in Ps. 84, 13). E em um discurso sobre o Natal, afirma: "Com esta festa que acontece todos os anos celebramos portanto o dia em que se cumpriu a profecia: “A verdade surgiu da terra e a justiça surgiu do céu”. A Verdade que é no sentido do Pai surgiu da terra para que estivesse também no seio de uma mãe. A Verdade que rege o mundo inteiro surgiu da terra para que fosse sustentada pelas mãos de uma mulher [...] A Verdade que o céu não é grande o suficiente para conter surgiu da terra para ser deitada numa manjedoura. Com que vantagem um Deus tão sublime se fez tão humilde? Com certeza que com nenhuma vantagem para si, mas com grande vantagem para nós, se acreditamos” (Sermões, 185, 1).
"Se nós acreditamos". Eis o poder da fé! Deus fez tudo, fez o impossível: ele se fez carne. A sua onipotência de amor realizou o que vai além da humana compreensão: o infinito se fez criança, entrou na humanidade. No entanto, esse mesmo Deus não pode entrar no meu coração se eu não abrir a porta. Porta fidei! A porta da fé! Podemos ficar assustados, diante dessa nossa onipotência ao contrário. Este poder do homem de fechar-se para Deus pode assustar-nos. Mas eis a realidade que supera este pensamento tenebroso, a esperança que vence o medo: a verdade germinou! Deus nasceu! “A terra produziu o seu fruto” (Sl 67,7). Sim, existe uma terra boa, uma terra saudável, livre de todo egoísmo e de todo encerramento. Há no mundo uma terra que Deus preparou para vir e habitar entre nós. Uma morada para a sua presença no mundo. Esta terra existe, e também hoje, em 2012, desta terra germinou a verdade! Por isso há esperança no mundo, uma esperança fidedigna, até mesmo nas situações e momentos mais difíceis. A verdade germinou trazendo amor, justiça e paz.
Sim, que a paz germine na população da Síria, profundamente ferida e dividida por um conflito que nem mesmo poupa os inocentes e mata vítimas inocentes. Mais uma vez apelo para que cesse o derramamento de sangue, se facilite as ajudas para os refugiados e prófugos e, por meio do diálogo, se consiga uma solução política ao conflito.
A paz germine na Terra onde nasceu o Redentor, e Ele presenteie para israelenses e palestinos a coragem de pôr fim a muitos anos de lutas e de divisões, e de empreender com decisão o caminho da negociação.
Nos Países do Norte da África, que atravessam uma profunda transição em busca de um novo futuro - particularmente no Egipto, terra amada e abençoada pela infância de Jesus - os cidadãos construam juntos uma sociedade baseada na justiça, no respeito da liberdade e da dignidade de cada pessoa.
A paz germine no vasto Continente Asiático.
Que o menino Jesus olhe com bons olhos para os muitos povos que habitam aquelas terras e, especialmente, aqueles que acreditam nele. O Rei da Paz dirija o seu olha aos novos Dirigentes da República Popular Chinesa pela grandíssima responsabilidade que lhes espera. Desejo que eles valorizem a contribuição das religiões, no respeito de cada um, de tal forma que possam contribuir na construção de uma sociedade solidária, para o benefício daquele nobre Povo e do mundo inteiro.
Que o Natal de Cristo favoreça a volta da paz no Mali e da concórdia na Nigéria, onde hediondos ataques terroristas continuam a matar vítimas, especialmente Cristãos. Que o Redentor leve ajuda e conforto aos prófugos do Leste da República Democrática do Congo e dê paz à Quénia, onde os ataques terroristas atingiram a população civil e os lugares de culto.
Que o menino Jesus abençoe os muitos fiéis que O celebram na América Latina. Aumente as suas virtudes humanas e cristãs, apoie todos aqueles que são forçados a emigrar das suas famílias e da sua terra, ajude os governantes no compromisso pelo desenvolvimento e na luta contra o crime.
Queridos irmãos e irmãs! Amor e verdade, justiça e paz se encontram, encarnaram-se no homem nascido em Belém de Maria. Aquele homem é o Filho de Deus, é Deus que apareceu na história. O seu nascimento é um rebento de vida nova para toda a humanidade. Que toda a terra se torne uma boa terra, que acolhe e produz o amor, a verdade, a justiça e a paz. Feliz Natal para todos!
[Depois o Santo Padre dirigiu as saudações de Natal em 65 idiomas. Em português, disse:]
Feliz Natal para todos! O nascimento do Menino Jesus ilumine de alegria e paz vossos lares e Nações!
(Tradução Thácio Siqueira)
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