Os miseráveis: Revisitando o drama romântico de inspiração cristã
26.12.12 | 11:17. Arquivado em Crítica cinematográfica
O grande êxito do musical que adapta “Os miseráveis” passa para o ecrã numa realização do oscarizado Tom Hooper. Fiel á obra romântica de Víctor Hugo mantém a inspiração profundamente cristã do original, transferida de um libreto teatral com pouco diálogo falado e 50 canções do compositor Claude-Michel Shonberg e letristas Alain Boublily Herbert Kretzmer. A novidade desta adaptação é que toma a obra de teatro musical como ponto de partida e assume o desafio, do que sai bastante bem, de transplantá-lo à linguagem cinematográfica.
A obra literária é um clássico da novela romântica com conotações políticas, éticas e religiosas. O antagonismo entre a bondade do ex-recluso redimido Jean Valjean e a persistente perseguição do inspector Javert preso no mal se exibe durante a insurreição de Junho de 1832 em Paris. A situação de miséria económica, as consequências devastadoras da peste e os abusos da monarquia explodem numa pequena rebelião republicana, depois da morte do general Jean Maximilien Lamarque, que é esmagada pelas tropas do rei Luís Filipe I. A novela serve-se deste arquétipo de rebelião frente à exploração para mostrar a possibilidade da mudança desde a transformação pessoal numa chave social e utópica inspirada pelo sentido cristão. ( )

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