quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Susana Hortigosa - De promotora do ateísmo e experimentar um vazio interior... encontrou Deus: «Já tudo se enquadra»

E, entretanto, viveu submergida num mundo de promiscuidade, drogas, depressões... até que um noivo católico lhe iluminou a vida.

Actualizado 2 Dezembro 2012

Juan Antonio Ruiz / ReL

«Se Deus é Todo-poderoso, pode fazer uma pedra tão grande que não possa carregá-la? É ou não é Todo-poderoso?». Alguns se colocam este tipo de perguntas e as utilizam como baluarte em prol da falta de crença ou da irracionalidade da fé. Haveria muitas respostas que oferecer. Mas uma das melhores, sem dúvida, é apresentar a vida de um que pensava justamente com esse tipo de argumentos e que hoje, depois de descobrir Deus, é outra pessoa.

Se chama Susana Hortigosa García. Nasceu em Palma de Maiorca (Espanha), mas muito rápido se mudou com os seus pais para um povoado de Sevilha chamado Casariche.

«A minha família, e o povo em geral, são de ideologia de esquerda e ateia – conta Susana –. Ia ao colégio público, onde não se mencionava Deus. Quando chegou o momento da Primeira Comunhão, os meus pais deixaram que eu escolhesse se queria fazê-la ou não. Decidi que não, e deixei a catequese e as aulas de religião no colégio, porque me aborreciam».

Dentro deste ambiente sem Deus, os ingredientes que temperaram a adolescência de Susana não se fizeram esperar: «Drogas, promiscuidade, escapadas de casa, discussões com os meus pais, depressões... o kit completo». E em jovem não melhorou muito a situação. Mudou-se para Málaga ao fazer os vinte anos para fazer a carreira de Magistério, pôs muito pouco os pés na faculdade… ainda que mesmo assim tenha conseguido terminar o curso.

Foi neste período quando retomou o contacto com um bom amigo, católico convencido, com quem se debatia em largas discussões durante passeios nocturnos: «falávamos das questões que nos preocupavam: moral, namoro... e Deus». Porque ainda que com o passar do tempo fosse amadurecendo e assentando a cabeça, Susana começava a experimentar um vazio interior: um algo que não lhe deixava em paz consigo mesma.

Pouco a pouco, a sua vida pessoal foi queixando-se dos seus excessos. Estabelecida em Málaga, trabalhou em tudo o que lhe aparecia à frente: garçonete, empregada, etc. Saltava de namoro em namoro. Cancelou um casamento um mês antes da sua celebração; outra, a escassos doze dias antes. Não aguentou e decidiu fugir. O seu amigo católico, estabelecido agora em Madrid, a convidou a ir ter com ele; não pensou duas vezes.

E como foi a sua vida na capital? Assim o descreve ela: «Comecei a trabalhar como informática. Me fiz sócia da ARP-SAPC, uma sociedade que promove o ateísmo (entre outras coisas), mas quanto mais me envolvia com a associação, menos me convenciam os seus argumentos. E comecei a investigar sobre a fé, a querer crer… mas não podia».

Uma "ateia católica"
A tudo isto, se somou uma tormentosa relação com um jovem que lhe levou a repensar a natureza do amor, da entrega e do sofrimento. Foram dias muito difíceis, nos quais ela se definia “ateia católica”.

Instintivamente, e para sentir-se mais segura, procurou um noivo que fosse católico. O encontrou. E aí foi onde tudo mudou…

«Quando já éramos namorados, fazia-lhe perguntas. Até que, um dia, me disse algo que me abriu os olhos: "Porque não deixas de procurar Deus nas alturas e o procuras no amor das pessoas que te rodeiam?". Nesse momento houve um clic na minha cabeça. E soube que Deus sempre havia estado aí, esperando-me».

A partir desse momento, começou a integrar-se na paróquia, a receber catequese, a ir à missa. Fez a sua Primeira Comunhão. Há apenas umas semanas se crismou… «e pouco a pouco espero ir encontrando o meu sítio na Igreja», diz uma feliz Susana.

Todo este processo, e muito mais, é o que conta no seu blog:
http://www.yentucamino.blogspot.com.es/

A Susana de hoje segue a sua vida, mas caminha já com outra visão totalmente distinta. Assim o descreve ela mesma:

«A conversão é uma experiência brutal. E, no meu caso, gosto porque eu não estava numa situação extrema. Quando se contam as conversões de prostitutas, drogaditos, presos, etc., os ateus costumam argumentar que encontraram a Igreja como uma forma de escapar à sua situação, ou como um consolo. Mas eu não necessitava de Deus. O procurava, sim, mas a minha vida era muito normal: um trabalho corrente, bons amigos, uma vida independente... mas sentia um vazio imenso no meu interior. Tratava de enchê-lo estando pendente de outras coisas: de ascender no trabalho, de comprar isto ou aquilo, estabelecendo relações idealizadas e de dependência... e nada disto me preenchia. Tentava calar essa voz que me dizia que nada tinha sentido, que não havia uma razão para levantar-me de manhã. Essa solidão abismal. Até que encontrei Deus: então, de repente, tudo se enquadrava».


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