A beleza do desporto consiste no relacionamento com os outros
Roma, 04 de Fevereiro de 2013
Nos
últimos anos, muitos jovens são atraídos pelos chamados "desportos
radicais". São actividades cheias de risco, dominadas por fortes emoções.
Na maioria dos casos, também são caracterizadas por forte
individualismo e por um desejo de experimentar a emoção do inesperado
além de todos os limites.
Modas como esta nos fazem perceber o quanto são frágeis as novas
gerações. Muitas vezes, os jovens de hoje tendem a absorver as
tendências do momento sem as defesas adequadas nem a atenção devida,
acabando por virar vítimas. Devemos considerar também o fato de que
muitos jovens têm pais ausentes. Se não há educação de família, torna-se
mais fácil ainda envolver-se em actividades de risco e jogar fora a
própria vida num segundo.
De tanto se cultivar a não-cultura do risco, pensa-se que se é
omnipotente. Acredita-se que é possível brincar com fogo sem se queimar.
Trata-se de uma ilusão, filha de uma era dominada pelo culto ao excesso.
O que fazer para reconduzir os jovens a estradas mais seguras? O
primeiro passo é, certamente, recuperar uma autêntica cultura do
desporto, muito diferente daquilo que é proposto pela moda do radical.
Em um mundo dominado pelo relativismo moral, em que o bem se confunde
cada vez mais com o mal, a ideia de seguir regras e comportamentos
específicos pode ter um papel decisivo na educação. Nada pode contribuir
mais do que o desporto para uma formação saudável da consciência dos
jovens.
A melhor resposta para o caos de certas tendências extremas, onde o
desejo de excesso e de risco quase não conhece fronteiras, é oferecer
uma saudável cultura do limite: o apelo a regras, padrões, barreiras
morais que não podem ser excedidas.
Outro elemento-chave, do ponto de vista educacional, é a cultura do
compromisso. Para se conquistar um troféu, são necessárias muitas horas
de suor e treino. É importante ajudar os jovens a apreciarem cada
vez mais o espírito de sacrifício, transferindo-o da dimensão do
desporto para a vida quotidiana.
Finalmente, outro aspecto importante da educação é a cultura do
encontro com o outro. Hoje, infelizmente, os jovens estão cada vez mais
presos a jogos de vídeo e a navegar pela internet. Passam dias inteiros
imersos na realidade virtual, o que impede um relacionamento verdadeiro
com o mundo.
O individualismo de alguns desportos radicais faz parte deste mesmo
âmbito de isolamento. A adrenalina do risco é pessoal, impossível de
compartilhar. Tudo acaba esgotado nos poucos segundos de uma emoção
árida.
Bem diferente disso, a verdadeira cultura do desporto pode habituar os
jovens ao contacto sincero e concreto com os outros. Num mundo jovem que
tende à solidão, muitas vezes dominado por encontros frios e virtuais,
um saudável desporto de equipe pode ajudar a construir uma cultura melhor
de respeito e de amizade.
in