Tolerância zero e directrizes contra a repetição dos horrores
Sergio Mora
CIDADE DO VATICANO, Quinta-feira, 31 Janeiro 2013
O
director do Centro para a Protecção dos Menores e do Instituto de
Psicologia da Pontifícia Universidade Gregoriana, o padre jesuíta Hans
Zollner, entregou ontem a Bento XVI o livro das atas do simpósio
internacional realizado há um ano sobre os abusos cometidos por pessoas
do clero contra menores de idade e a resposta que foi dada pela Igreja.
O
volume, escrito em alemão, foi entregue ao papa no final da audiência.
As atas foram redigidas no simpósio “Rumo à cura e à renovação”, que, de
6 a 9 de Janeiro de 2012, contou com a participação de 110 conferências
episcopais, representadas, na maior parte dos casos, pelo bispo
encarregado dos casos de abuso na respectiva conferência.
Participaram ainda superiores gerais de mais de trinta ordens
religiosas e cerca de setenta especialistas em direito canónico, bem
como psiquiatras e psicoterapeutas que trabalham com as vítimas e com os
abusadores.
As atas do simpósio serão apresentadas ao público no próximo dia 5 de
Fevereiro, também na Universidade Gregoriana. Serão divulgadas ainda as
actividades do Centro para a Protecção dos Menores e o programa de
e-learning criado na Alemanha para prevenir abusos contra menores na
Igreja e na sociedade, além de prestar a ajuda devida às vítimas.
As iniciativas fazem parte da estratégia firme e decidida do Vaticano na luta contra a pedofilia no interior da Igreja.
Na entrega das atas também estava presente o director da assessoria de
imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi, que participou do
simpósio. Na ocasião, o porta-voz vaticano disse a ZENIT que, “além de
aumentar o rigor no combate ao crime dos abusos contra menores,
cometidos por pessoas da Igreja, a iniciativa identificará um percurso
que ajude as vítimas e crie condições para evitar que pecados
semelhantes se repitam no futuro”.
Lombardi acrescentou que as conferências episcopais estavam
trabalhando “para pôr a circular em prática, formulando as suas
diretrizes”. Trata-se de “redigir um documento, mas também de
praticá-lo. Todo intercâmbio de experiências será útil”.
O jesuíta precisou que a Universidade Gregoriana sediou o simpósio
por ser “um grande centro académico capaz de organizar uma iniciativa
como esta, que pede capacidades de tipo moral, jurídico, canónico,
pastoral e psicológico”, e especificou que o convénio foi gerido pelo
Instituto de Psicologia da Gregoriana, assim como o centro especializado
que lhe dá suporte.
Dom Charles Scicluna, promotor de justiça da Congregação para a
Doutrina da Fé, destacou no simpósio a vontade firme de “extirpar e
prevenir esta chaga aberta”, porque “os abusos são um fenómeno muito
triste que, além de pecado, são um delito. E como delito, existe para
eles a justa jurisdição do Estado e o dever de colaborar com esta
jurisdição penal”.
Duas cerimónias marcaram o final do simpósio: a primeira,
penitencial, foi presidida pelo cardeal Marc Ouellet, prefeito da
Congregação para os Bispos. A segunda, uma missa concelebrada, foi
presidida pelo cardeal Fernando Filoni, prefeito da Congregação para a
Evangelização dos Povos.
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