Mensagem do Bispo de Beja para a Quaresma de 2013
1. Valores do mundo e do Evangelho
A crise económica e financeira que o mundo atravessa e atingiu Portugal de modo a obrigar-nos a pedir ajuda externa, sem a qual muitos dos nossos serviços públicos e muitas famílias ficariam sem recursos para funcionar e sobreviver, veio acordar-nos da ilusão em que assentávamos o nosso relativo bem estar. Agora fala-se, escreve-se, discute-se, protesta-se, fazem-se greves, criticam-se governos e políticos anteriores e presentes, mas dá a impressão que ainda poucos se deram conta das ilusões sobre as quais baseiam os seus protestos. Todos querem voltar ao mesmo estilo e nível de vida, construindo sobre isso os seus projectos de felicidade.
Jesus Cristo, a sua vida e mensagem, continuadas na missão da Igreja, alerta-nos para outras prioridades, que, por vezes, se contrapõem aos nossos habituais desejos. Ao jovem rico que lhe pergunta que deve fazer para alcançar a vida eterna, para além do cumprimento dos mandamentos da lei, que ele já seguia fielmente, Jesus responde: «Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me» (Mt 19,21).
Esta radicalidade de espírito e de estilo de vida é pedida a todos os discípulos de Cristo. Os bens deste mundo são para administrar e nunca podem constituir um fim em si mesmos, como se fossem a finalidade da nossa vida, o nosso Deus.
A vida cristã e sobretudo esta fase do ano de oração da Igreja, chamada Quaresma, vem acordar-nos para os valores e atitudes fundamentais do Evangelho, procurando compreendê-los com toda a verdade e, com coerência, conformando a nossa vida com eles, para sermos autênticos discípulos de Jesus Cristo, cuja paixão, morte e ressurreição celebramos na Páscoa.
2. Aprofundamento do ser cristão
Ninguém opta por um estilo de vida sem sentido, sem convicção de que é possível e atraente. Cristo não quis e não quer escravos, mas pessoas livres, entusiastas, convencidas e alegres, apesar do caminho proposto ser exigente. Por isso também hoje precisamos de conhecer melhor a pessoa de Jesus, o seu testemunho de vida e a sua mensagem. Não podemos ser cristãos frios ou mornos, apenas por tradição. Temos de formar a nossa fé, conhecer as razões da nossa esperança e viver de acordo com elas.
2. Aprofundamento do ser cristão
Ninguém opta por um estilo de vida sem sentido, sem convicção de que é possível e atraente. Cristo não quis e não quer escravos, mas pessoas livres, entusiastas, convencidas e alegres, apesar do caminho proposto ser exigente. Por isso também hoje precisamos de conhecer melhor a pessoa de Jesus, o seu testemunho de vida e a sua mensagem. Não podemos ser cristãos frios ou mornos, apenas por tradição. Temos de formar a nossa fé, conhecer as razões da nossa esperança e viver de acordo com elas.
Este ano da fé proclamado pelo Papa Bento XVI e o tempo da Quaresma são propícios para este aprofundamento. Na diocese de Beja estamos a celebrar um Sínodo, ou seja, um tempo de consciencialização da nossa fé cristã e corresponsabilização na vida e missão da Igreja. Para isso foram elaborados subsídios de reflexão em grupo, com alguns textos do Evangelho e do Concílio Vaticano II. Nesta primeira fase do Sínodo olharemos para a Igreja que somos e queremos ser e sobre os modos e meios de construção dessa Igreja, livre, leve e alegre, para que seja fermento de comunhão e de vida fraterna no mundo em que vivemos. Por isso é importante que nos serviços, movimentos e paróquias formemos grupos de reflexão, a fim de darmos o nosso contributo para a realização comunitária do nosso ser cristão.
3. Fé, caridade e partilha fraterna
Mas a vida cristã não é apenas conhecimento, reflexão, saber. A fé impele para a vontade de conformar a vida com aquele em quem acreditamos, Jesus Cristo, que nos diz: se me tendes amor, cumpri os meus mandamentos... Amai-vos uns aos outros como eu vos amei (Jo 15, 12).
3. Fé, caridade e partilha fraterna
Mas a vida cristã não é apenas conhecimento, reflexão, saber. A fé impele para a vontade de conformar a vida com aquele em quem acreditamos, Jesus Cristo, que nos diz: se me tendes amor, cumpri os meus mandamentos... Amai-vos uns aos outros como eu vos amei (Jo 15, 12).
Na sua mensagem para a Quaresma deste ano, o Papa Bento XVI afirma que crer na caridade suscita caridade. Contemplando o amor que Deus nos tem, manifestado na vida de Jesus Cristo, somos impelidos a responder com amor, querendo e fazendo o bem a quem Ele ama. Este é um processo sempre a caminho, nunca concluído. O cristão é uma pessoa conquistada pelo amor de Cristo e, movido por este amor, sempre aberto ao amor do próximo. A caridade é, pois, a vida da fé, afirma o Papa, que nos conforma cada vez mais a Cristo, de modo a podermos exclamar como S. Paulo: já não sou eu que vivo, mas Cristo (e os que Ele ama e quer salvar) que vive em mim (cf Gl 2, 20).
A fé e a caridade são dois dons de Deus e duas atitudes que se entrelaçam na vida do cristão, cuja origem está em Deus e cuja meta também o é, envolvendo aqueles com quem vivemos, de modo a olhá-los e tratá-los com os olhos e o coração de Cristo. Exemplo forte desta verdade e atitude foi a Madre Teresa de Calcutá.
Esta atitude leva-nos a uma profunda e verdadeira comunhão e partilha de valores e de bens materiais e espirituais com o nosso próximo. Daí que ninguém que acredita em Deus e ama Jesus Cristo pode ficar indiferente a quem sofre. Por isso na Quaresma os cristãos são mais sensíveis à partilha e solidariedade com quem mais precisa. A Quaresma, com as indicações que dá tradicionalmente para a vida cristã, convida-nos precisamente a alimentar a fé com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a participação nos Sacramentos e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor a Deus e ao próximo, nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola, diz o Papa na sua Mensagem.
Neste tempo de Quaresma é habitual fazer-se um ofertório especial para a Caritas diocesana e nacional, no terceiro domingo e também uma renúncia em benefício de algumas intenções indicadas pelas dioceses. Na Quaresma de 2012 a diocese de Beja orientou o resultado dessa renúncia e partilha para duas finalidades: metade para o fundo diocesano de emergência social e outra metade para a diocese de Quelimane, em Moçambique, agradecendo a colaboração do Padre Erbério, que esteve na Amareleja. Até 5 de Fevereiro foram entregues na Cúria diocesana 16.297,33 €.
Este ano queremos orientar o produto da renúncia para três finalidades, mantendo-se uma delas, ou seja, um terço para o fundo de emergência social através da Caritas diocesana; outro terço para os pobres das missões dos Vicentinos em Moçambique, confrades dos religiosos a paroquiar no concelho de Santiago do Cacém e a animar as missões populares na diocese; e o último terço para ajudar o Carmelo de Beja, agora com 10 irmãs, algumas provenientes do Quénia.
Olhemos para os nossos irmãos mais pobres e aprendamos a descobrir neles o rosto de Cristo, que disse, sempre que fizerdes o bem a um dos mais pequeninos é a mim que o fazeis. Assim teremos um encontro mais intenso e profundo com Cristo e os nossos irmãos mais carenciados, dando-nos oportunidade de crescer na fé e na capacidade de amar, pois é dando que se recebe.
Desejo a todos continuação de uma Santa Quaresma em clima sinodal.
† António Vitalino, Bispo de Beja
† António Vitalino, Bispo de Beja