sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Perguntas frequentes…

O QUE SÃO O CÓLON E O RECTO?
O cólon é a porção do tubo digestivo que se segue ao intestino delgado. A sua função principal é absorver água do conteúdo intestinal, tornando as fezes sólidas. Logo a seguir, o recto serve também como reservatório para as fezes, antes de serem expulsas. Em conjunto, o cólon e o recto constituem o INTESTINO GROSSO.

O CANCRO DO INTESTINO GROSSO É FREQUENTE?
Sim, é muito frequente nos países ocidentais. Em Portugal é a PRIMEIRA causa de morte por tumor maligno. Por dia perdem-se 9 vidas por causa desta doença. A Região com maior incidência de cancro do intestino em Portugal é o Alentejo.

QUEM ESTÁ EM RISCO?
O cancro do intestino grosso afecta tanto homens como mulheres e pode surgir em qualquer idade. A partir dos 50 anos, o risco duplica em cada década de vida. Para além da idade, existem outros factores de risco: antecedentes pessoais de pólipos do intestino grosso, antecedentes familiares de cancro ou pólipos do intestino grosso, doença inflamatória intestinal ou cancro noutros órgãos (especialmente na mama ou útero).

COMO SURGE?
Noventa e cinco por cento de todos os casos de cancro do intestino grosso surge a partir dum determinado tipo de pólipo benigno - o adenoma.

(Mucosa normal -> pólipo adenomatoso -> grande adenoma -> cancro -> metástases)

Só um em cada dez adenomas degenera em cancro. Enquanto se desconhecem as razões que levam alguns dos pólipos a evoluir para cancro, não é possível prever em quais vai ocorrer o processo de transformação maligna. Como prevenção, a remoção endoscópica dos pólipos do intestino grosso é uma medida preventiva eficaz!

QUAIS OS SINTOMAS?
Geralmente os pólipos não dão sintomas. Também o cancro - especialmente numa fase inicial - pode existir sem sintomas. É por isso muito importante que os exames de rastreio ("check-up"), a partir dos 50 anos, incluam sempre procedimentos para detecção do cancro do intestino grosso. Os sintomas mais frequentes, quando presentes, são a perda de sangue ou alterações do funcionamento intestinal (diarreia e/ou obstipação). Também o tenesmo (vontade permanente de defecar) e as falsas vontades (continuar com vontade após defecar ou ter vontade e não defecar) constituem sintomas importantes dos tumores do recto.

COMO SABER SE TENHO RISCO AUMENTADO?
Nas famílias com cancro hereditário, é possível o diagnóstico genético. Isto significa que é possível determinar, através de uma simples análise de sangue realizada em centros especializados, qual o gene implicado no aparecimento do cancro e, depois, testar os descendentes no sentido de determinar quem herdou, ou não herdou, o risco de desenvolver a mesma doença. Se tem um familiar de 1º grau afectado tem um maior risco de desenvolver a doença.

AS HEMORRÓIDAS LEVAM AO CANCRO DO INTESTINO?

Não. No entanto, esta doença pode produzir sinais e sintomas semelhantes a algumas das manifestações clínicas do cancro do intestino grosso. Em tais circunstâncias, deve ser examinado por um médico, para se obter um diagnóstico preciso. E não se esqueça que pode ter hemorróidas e também cancro do intestino.


PODE SER PREVENIDO?
Sim, a prevenção do cancro do intestino pode ser eficiente. Uma medida importante é a identificação precoce das lesões que precedem o cancro – os pólipos, utilizando a sigmoidoscopia e a remoção dos pólipos benignos, através de um exame designado colonoscopia. Também uma dieta adequada, rica em fibras, de que é exemplo a nossa “dieta mediterrânica”, desempenha um papel importante na prevenção do cancro.
 
O QUE É A SIGMOIDOSCOPIA?
A sigmoidoscopia flexível (também chamada colonoscopia esquerda) é um exame que permite o estudo do recto e sigmóide (o último segmento do cólon), através de um aparelho com a forma de um tubo flexível, introduzido por via anal pelo médico.
O exame é bem tolerado pelo doente e raramente causa dor. Pode ocorrer uma ligeira sensação de replecção intestinal porque é necessário introduzir algum ar no intestino durante o exame. A colonoscopia esquerda é um exame importante para o rastreio e diagnóstico precoce de lesões malignas ou dos pólipos, já que a maioria se localiza no recto e sigmóide.

O QUE É A COLONOSCOPIA?
A colonoscopia é um exame realizado através de um aparelho com a forma de um tubo flexível mais longo que permite a observação de todo o intestino grosso. Este aparelho tem, ainda, componentes que permitem colher pequenos fragmentos de tecido (biopsias) e proceder ao tratamento de diversos tipos de lesões como os pólipos, que podem ser cortados e coagulados através da passagem de corrente eléctrica com material apropriado.
O exame decorre com o doente deitado, em posição confortável e descontraída. O médico introduz o aparelho através do ânus e vai progredindo lentamente ao longo do intestino grosso. Em geral o exame demora entre 15 a 30 minutos.

QUAIS SÃO AS RECOMENDAÇÕES PARA O RASTREIO E VIGILÂNCIA?
A Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva recomenda que o rastreio do cancro do intestino se inicie - em todos os indivíduos sem factores de risco acrescido - a partir dos 50 anos de idade, com realização de uma sigmoidoscopia flexível de 5 em 5 anos. Em pessoas com factores de risco acrescido, pessoais ou familiares, recomendamos um programa de rastreio e vigilância mais frequente, variando em função das características concretas de cada caso.
Em alternativa pode realizar-se um exame para pesquisa de sangue oculto nas fezes, com frequência anual.


COMO POSSO FAZER O RASTREIO DO CANCRO DO INTESTINO?

Se deseja fazer o rastreio do cancro do cólon, deverá dirigir-se ao seu médico de família, da empresa onde trabalha ou qualquer outro médico que habitualmente o acompanhe.

Ele saberá orientá-lo para realizar o exame conveniente. Os exames endoscópicos para rastreio do cancro do cólon (sigmoidoscopia ou colonoscopia) são métodos também utilizados para estudar o intestino noutras situações que não o rastreio, pelo que o seu médico assistente conhecerá certamente locais próximos da sua residência onde poderá recorrer. Como recomendação geral se tem mais de 50 anos comece por fazer uma Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes (PSOF).

Dr. Vítor Rocha