Filme é indicado a oito Oscars
Felipe Bezerra
VIENA, Sexta-feira, 1 Fevereiro 2013
Vamos
começar do início: é um musical. Se você não gosta de musicais porque
as pessoas não falam, só cantam, mesmo assim eu ainda peço dê uma chance
a esse filme. Todos os actores, com excepção de Sacha Baron Cohen, que
está ele mesmo e que não tem uma performance muito impressionante
cantando, surpreendem. Só o fato de os actores estarem cantando ao vivo
já muda completamente o cenário, as músicas ganham uma emoção nunca
vista em musicais anteriormente. Jackman tem uma extensão vocal muito
boa, e consegue colocar na música algo da crise interior do personagem
de uma forma muito envolvente. Anne Hathaway elevou a música tema "I dreamed a dream" a um nível que a partir desse filme vai ser difícil de não ser comparado.
Sacha
Cohen, ele mesmo, não surpreende, mas não deixa de ser uma bom actor e
seu personagem junto com a mulher interpretada pela actriz Helena Bonham
Carter são o tom leve e colorido do filme, sem eles ninguém aguentaria o
sofrimento desse filme. A versão com Liam Neelson falta a "conversão"
de Jean Valjean, já nesta, Hugh Jackman leva às lágrimas.
A fotografia está impecável, o figurino pensado até o detalhe, os
cenários que tem a liberdade de serem reais as vezes lembram o palco da
Broadway e às vezes crescem à grandiosidade das montanhas francesas,
das lágrimas de Fantine ( que Anne Hathaway produziu de verdade) aos
dentes manchados de Jean Valjan passando pelas borboletas ao redor de
Cossette (Amanda Seyfried) todos os detalhes são pensados e estão lá de
propósito.
Sim, mas e a Fé?
É a misericórdia que que salva, transforma e converte as pessoas. Mais
do que uma revolução política e uma "liberdade" conquistada pela força,
é claramente a misericórdia e o amor que transformam as vidas das
pessoas.
A revolução francesa tão exaltada no filme que custou a vida de
milhares de religiosos, padres e freiras guilhotinados, simplesmente
pelo fato de guardarem os votos que fizeram a Deus, trouxe mais fome e
miséria para o povo, extinguiu muitas Ordens religiosas na França,
acabou com o ensino religioso no país, apagou uma série de assistências
prestadas aos mais necessitados pela Igreja e colocou a "razão" acima de
Deus. Sim, houve a declaração dos direitos humanos a qual hoje a Igreja
apoia, mas, na época, foi uma negação de Deus em vista do homem.
Neste sentido, o filme perpassa um ponto importante na vida de todo
cristão: o trabalho, pelo que "a doutrina social católica não pensa que
os sindicatos sejam somente o reflexo de uma estrutura «de classe» da
sociedade, como não pensa que eles sejam o expoente de uma luta de
classe, que inevitavelmente governe a vida social. Eles são, sim, um expoente da luta pela justiça social, pelos
justos direitos dos homens do trabalho segundo as suas diversas
profissões. No entanto, esta « luta » deve ser compreendida como um
empenhamento normal das pessoas «em prol» do justo bem: no caso, em prol
do bem que corresponde às necessidades e aos méritos dos homens do
trabalho, associados segundo as suas profissões; mas não é uma luta «contra» os outros.
Se ela assume um carácter de oposição aos outros, nas questões
controvertidas, isso sucede por se ter em consideração o bem que é a
justiça social, e não por se visar a « luta » pela luta, ou então para
eliminar o antagonista. O trabalho tem como sua característica, antes de
mais nada, unir os homens entre si; e nisto consiste a sua força
social: a força para construir uma comunidade. E no fim de contas, nessa
comunidade devem unir-se tanto aqueles que trabalham como aqueles que
dispõem dos meios de produção ou que dos mesmos são proprietários. A
luz desta estrutura fundamental de todo o trabalho — à luz do
fato de que, afinal, o «trabalho» e o «capital» são as componentes
indispensáveis do processo de produção em todo e qualquer sistema social
— a união dos homens para se assegurarem os direitos que lhes cabem,
nascida das exigências do trabalho, permanece um factor construtivo de ordem social e de solidariedade, factor do qual não é possível prescindir." (Carta Encíclica Laborem Exercens, do Bem-aventurado João Paulo II, nº 20).
Até hoje a fé sofre as consequências nefastas dessa revolução que em
nome da "liberdade" profanou igrejas, matou pessoas que não tinham nada
contra o Estado só pelo fato de serem fiéis a Roma. Graças ao bom Deus,
temos inúmeros mártires e São João Maria Vianney (tocado pelo testemunho
do seu pároco que permaneceu fiel à Igreja e servia os paroquianos
escondido do Estado) como fruto dessa revolução. O espectador vai
conseguir ver o grande abismo de diferença entre o amor que tem poder de
mudar as vidas das pessoas e a violência que pode até transformar um
cenário político, mas que traz consigo consequências de morte,
frustração e cisma.
Ficha Técnica
Diretor: Tom Hooper.
Elenco: Sacha Baron Cohen, Helena Bonham Carter,
Anne Hathaway, Amanda Seyfried, Hugh Jackman, Russell Crowe, Eddie
Redmayne, Samantha Barks, Aaron Tveit, Colm Wilkinson, Ella Hunt, George
Blagden, DanielHuttlestone, Bertie Carvel, Isabelle Allen, Frances
Ruffelle, Alistair Brammer, Evie Wray, Kerry Ellis, Tim Downie, Killian
Donnelly, Alexander Brooks, Fra Fee, Sophie Ellis, Jean-Marc Chautems,
Jonny Purchase, Lily Laight, Linzi Hateley, Scott Stevenson, Nathanjohn
Carter, Dick Ward, Nancy Sullivan, Gabriel Vick, Catherine Woolston,
Jaygann Ayeh, Paul Leonard, Gino Picciano, Olivia Rose Aaron, Jackie
Marks, Julia Worsley, AlisonTennant, Josh Wichard, Sara Pelosi, Henry
Monk, Adebayo Bolaji, Sammy Harris, Adam Nowell, Rosa O'Reilly, Stevee
Davies, Robyn North, James Charlton, Alice Fearn, Kelly-Anne Gower, Iwan
Lewis, Jos Slovick, Richard Dalton, Matt Harrop, Mary Cormack, Gary
Bland, Adam Pearce.
Produção: Eric Fellner, Debra Hayward, Cameron Mackintosh
Roteiro: William Nicholson, baseado na obra de Victor Hugo
Fotografia: Danny Cohen
Trilha Sonora: Claude-Michel Schönberg
Duração: 157 min.
Ano: 2012
País: Reino Unido
Gênero: Musical
Cor: Colorido
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio: Working Title Films / Cameron Mackintosh Ltd.
Classificação: 10 anos
Roteiro: William Nicholson, baseado na obra de Victor Hugo
Fotografia: Danny Cohen
Trilha Sonora: Claude-Michel Schönberg
Duração: 157 min.
Ano: 2012
País: Reino Unido
Gênero: Musical
Cor: Colorido
Distribuidora: Paramount Pictures Brasil
Estúdio: Working Title Films / Cameron Mackintosh Ltd.
Classificação: 10 anos
Maiores informações: www.projecoesdefe.com
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