Na sala de imprensa do Vaticano reflexões sobre a mensagem do Papa para a Quaresma
Luca Marcolivio
ROMA, Sexta-feira, 1 Fevereiro 2013
A
Mensagem de Bento XVI para esta Quaresma oferece a possibilidade de
reflectir a relação entre duas virtudes teologias: a fé e a caridade.
Afirmou o Cardeal Robert Sarah, nesta manhã, na sala de imprensa do
Vaticano.
O documento papal encoraja a meditar a
relação “entre crer em Deus – disse o purpurado- no Deus revelado por
Jesus Cristo, e a caridade, que é fruto do Espírito Santo e nos
impulsiona a um horizonte de profunda abertura a Deus e ao próximo”.
Citando a experiência humanitária de um engenheiro filipino, o
cardeal Sarah destacou que a fé não é apenas fonte de inspiração dos
actos de caridade, mas também algo que muda “o enfoque da vida e da
cultura dos mesmos beneficiários", que, graças à caridade, são ajudados a
redescobrir Deus em suas vidas.
O vínculo entre fé e caridade, disse Sarah, tem duas
dimensões: em primeiro lugar, "a fé verdadeira não existe sem as obras",
e em segundo, "a caridade suscita a fé, e portanto é testemunho".
Além disso, no contexto do Ano da Fé e da Páscoa que se
aproxima, a Mensagem do Papa para a Quaresma recorda-nos que a
verdadeira fonte da caridade é "Cristo que morreu e ressuscitou por
amor”.
Por esta razão, a Quaresma é um "tempo favorável para abrir
os olhos dos nossos corações para os mais necessitados, partilhando com
eles o nosso". Mais ainda num contexto como o europeu e mundial, marcado
pela crise económica e pelo retorno de tristes realidades como a
pobreza e a exploração no trabalho.
Fé e caridade, portanto, concluiu o cardeal, são "dois lados da mesma moeda, isto é, a nossa pertença a Cristo”.
Em seguida, se pronunciou monsenhor Gianpietro Dal Toso,
secretário do Pontifício Conselho Cor Unum, segundo qual, os discursos
sobre fé e caridade não são apenas "questões académicas", pois afectam a
prática dos organismos eclesiais e da Santa Sé, mas, sobretudo, “a visão
do homem", que, por sua vez, influencia os "modelos de desenvolvimento
".
Um exemplo concreto de caridade humanitária foi apresentado
por Michael Thio, Presidente Geral da Confederação Internacional da
Sociedade de São Vicente de Paulo. Proveniente de Singapura, Thio foi
nomeado há dois anos chefe da Confederação.
"Desde nossas humildes origens há 180 anos - disse Thio -
hoje estamos presentes em 148 países, com 780 mil membros, activos em 70
mil conferências, com 1,3 milhões de voluntários que atendem mais de 30
milhões de pessoas pobres”.
A Sociedade São Vicente de Paulo actua em vários âmbitos,
desde o cuidado com os pobres (alimentação, vestuário, etc.),
assistência em caso de catástrofes naturais, até o acolhimento de
refugiados, através de projectos de educação, saúde e planejamento
urbano. Entre os mais importantes dos últimos anos, o presidente
destacou a reconstrução do pátio interno de uma creche em Fukushima,
danificado pelo desastre nuclear em Março de 2011.
Fundamento carismático da Sociedade de São Vicente de Paulo
são as três virtudes teologais. "Ao apoiar a causa dos pobres - explicou
Thio - são promovidas as acções e as virtudes cristãs e nós somos apenas
humildes servos que testemunham Cristo.
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