Primeiros 265 documentos on-line foram digitalizados com tecnologia da NASA
Sergio Mora
ROMA, Sexta-feira, 1 Fevereiro 2013
Códigos,
manuscritos e cartas, até agora acessíveis somente aos peritos
creditados junto à Biblioteca Apostólica do Vaticano, poderão ser
consultados por quem desejar, de qualquer parte do mundo, com um clique.
Os
primeiros 256 documentos do imenso tesouro da “biblioteca dos papas” já
estão on-line. Para vê-los, basta inscrever-se no site da Biblioteca Apostólica.
A Biblioteca Apostólica Vaticana, como é chamada em latim, é
considerada desde a fundação como a "biblioteca do papa", já que
pertence a ele directamente. É uma das mais antigas do mundo e guarda uma
fabulosa colecção de textos históricos.
O projecto da digitalização dos documentos é ambicioso. De acordo com o
prefeito da Biblioteca do Vaticano, dom Cesare Pasini, em entrevista à
agência de notícias Ansa, todos os livros conservados na biblioteca,
cerca de 80 mil, deverão ser disponibilizados na internet.
Pasini destacou ainda, em entrevista à Radio Vaticano, que a
filosofia da Biblioteca Apostólica Vaticana, desde o início, foi tornar
os bens da humanidade acessíveis a todos os interessados em usá-los,
conhecê-los e estudá-los. O mesmo espírito de serviço determinou a
digitalização dos documentos que agora está em andamento.
Entre os documentos históricos, há partituras musicais, textos
cuneiformes e manuscritos gregos e judaicos. Os textos incluem obras de
Homero, Platão, Sófocles, Hipócrates, manuscritos judeus dentre os mais
antigos preservados até hoje e alguns dos primeiros livros italianos
impressos durante o Renascimento, de acordo com informações da agência
EFE. Entre as jóias está o Codex Vaticanus, um dos mais antigos
manuscritos da bíblia grega de que se tem notícia.
O projecto digital começou em 2011 e utiliza a tecnologia da NASA
denominada Fits (Sistema de Transporte Flexível de Imagens, na sigla em
inglês), criada no começo da corrida espacial para conservar as imagens
das suas missões.
O papa Nicolau V fundou a biblioteca em 1448, reunindo cerca de 350
códices gregos, latinos e hebraicos, herdados de seus antecessores.
Entre eles, havia diversos manuscritos da biblioteca imperial de
Constantinopla. A oficialização da fundação aconteceu com a bula Ad decorem militantis Ecclesiae
(15 de Junho de 1475), do papa Sisto IV, que definiu um orçamento
específico para a biblioteca e nomeou como bibliotecário Bartolomeu
Platina, responsável pelo primeiro catálogo das obras ali guardadas,
elaborado em 1481.
A biblioteca possuía então mais de 3.500 manuscritos, o que já fazia
dela, com grande diferença, a maior do mundo ocidental. Em 1587, Sisto V
contratou o arquitecto Domenico Fontana para construir um novo edifício
para a biblioteca, situado no interior do Vaticano. O edifício é usado
até hoje.
Os estudiosos dividem a história da biblioteca em cinco etapas:
Pré-lateranense: os inícios da biblioteca, correspondentes à primeira
etapa da história da Igreja, antes de ser instalada no Palácio de
Latrão. Muito poucos livros fazem parte dessa etapa.
Lateranense: livros e manuscritos passam a ser guardados no Palácio
de Latrão. Esta etapa vai até o final do século XIII, durante o papado
de Bonifácio VIII.
Avignon: neste período, crescem notavelmente as colecções de livros e
arquivos dos papas que residiram em Avignon, entre a morte de Bonifácio
VIII e o ano de 1370, quando a sede papal retorna a Roma.
Pré-Vaticana: de 1370 a 1447, a biblioteca fica dispersa, com parte das obras em Roma, Avignon e outros lugares.
Vaticana: é a etapa actual, iniciada em 1448, quando a biblioteca é transferida para o Vaticano.
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