quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A falta de fé pode ferir a validade do matrimónio

Bento XVI aos membros da Rota Romana pediu para estudar o tema. A fidelidade à Igreja de um cônjuge abandonado é exemplo para toda a sociedade

ROMA, Quarta-feira, 30 Janeiro 2013

"A falta de fé pode ferir os bens do matrimónio: procriação, fidelidade conjugal e indissolubilidade”, é o ponto central da mensagem que Bento XVI dirigiu sábado passado à Rota Romana, tribunal vaticano encarregado pelos casos de nulidade matrimonial.

Em seu discurso por ocasião da inauguração do ano judiciário, na Sala Clementina, o Papa apresentou a ausência de fé como uma das principais causas, não da nulidade matrimonial, mas de ferida da mesma, ainda que não fechou totalmente a questão pois indicou que “no contexto actual, será necessário promover reflexões mais profundas”.

E disse que não devemos confundir a intenção das partes, com a fé pessoal que têm, ainda que “não seja possível separá-las totalmente”. O santo padre lembrou a realidade natural do matrimónio “como um pacto irrevogável entre homem e mulher”, enquanto que no plano teológico “assume um significado ainda mais profundo”.

Indicou que pode haver casos em que "justamente por causa da ausência de fé, o bem dos cônjuges fique danificado, ou seja, excluído do mesmo consenso”.

"Não pretendo certamente – disse o papa – sugerir uma fácil ligação entre carência de fé e nulidade da união matrimonial, mas evidenciar como tal carência possa, ainda que não necessariamente, ferir também os bens do matrimónio, desde o momento em que a referência à ordem natural querida por Deus seja inerente ao pacto conjugal”.

O pontífice disse que a rejeição da proposta divina conduz a um profundo desequilíbrio em todas as relações humanas. E também falou dos "desafios urgentes" que deve enfrentar a família dado que a cultura contemporânea tem um "elevado subjectivismo e relativismo ético e religioso”.

Além do mais lembrou que existe uma mentalidade muito generalizada que considera a liberdade do indivíduo em contradição com a capacidade do ser humano de ligar-se por toda a vida. De que a pessoa “seja ela mesma, permanecendo autónoma e entrando em contacto com o outro somente por meio das relações que podem ser interrompidas a qualquer momento”.

Bento XVI também disse que o vínculo que se toma para toda a vida depende muito da perspectiva, “fixada num plano meramente humano”, ou aberta “à luz da fé no Senhor”.

Disse que a indissolubilidade do pacto entre um homem e uma mulher "não requer, para a sacramentalidade, a fé pessoal dos noivos”, ainda que se requer como condição mínima necessária a intenção de fazer o que pede a Igreja.

E o Papa volta a indicar que “é importante não confundir o problema da intenção com o da fé pessoal dos contraentes” ainda que “não é possível separar totalmente”.

"O estar fechado para Deus ou a rejeição da dimensão sagrada da união conjugal “pode chegar a minar a validade do pacto, quando (...) se traduza numa rejeição da fidelidade ou dos outros elementos ou propriedades essenciais do matrimónio”.

Enquanto isso o Papa recordou a importância do exemplo como o de "um cônjuge abandonado ou que tenha sofrido um divórcio, e que reconhece a indissolubilidade do matrimónio, que consegue não deixar-se “implicar numa nova união... Nesse caso seu exemplo de fidelidade e de coerência cristã assume um especial valor de testemunho diante do mundo e da igreja”.

Devido à complexidade do tema, passamos o link do texto original no italiano:



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