quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Aleksander Burgos, um sacerdote espanhol na Rússia: «Ofereci-me para o Cazaquistão... Mas não saiu»

Dez anos em São Petersburgo

Nasceu em Valladolid e uma das suas primeiras recordações é uma Coca-Cola congelada em quinze minutos a caminho da sua paróquia.

Actualizado 19 Janeiro 2013

Rome Reports / ReL

Alejandro Burgos-Velasco nasceu em Valladolid, Espanha, mas agora é mais conhecido como Otests Aleksander, ou o que é o mesmo padre Alejandro em russo, porque desde há dez anos vive em São Petersburgo.

Trata-se de uma transferência que ele mesmo pediu, quando lhe disseram que faziam falta sacerdotes que fossem para o Cazaquistão: “Ofereci-me para ir para o Cazaquistão. Mas isso não saiu. Como tinha falado muito com o meu bispo, dom José [Delicado Baeza], de Valladolid, disse-lhe: “Isto não saiu. E agora o que faço?”. Então ficamos de ir à Rússia”.

Desta maneira tão simples, mas por sua vez tão impactante este sacerdote mudou o sol de Espanha pela neve da Rússia. Antes de aterrar em São Petersburgo, Alejandro fez uma pequena paragem em Roma para receber a bênção de João Paulo II, para esta aventura.

“Recordo-me do primeiro dia que fomos da estação do metro até a catedral para ir saudar o bispo. Comprámos uma garrafa de Coca-Cola e congelou-se do metro à igreja, que eram 15 minutos. Estávamos assombrados com a Coca-Cola congelada, porque fazia -15 ou -16 y então no estávamos preparados para estas partes”.

Otests Aleksander assegura que actualmente não há dados certos do número de católicos na Rússia, mas estima-se que entre 600.000 e um milhão, à volta dos 0,6% da população: “Nas listas das pessoas que seguia o governo estavam primeiro os chechenos e depois os católicos. Pelo menos isso diziam, e eu acredito que é verdade. O ambiente estava um pouco forte e quando chegavas ali o notavas”.

De facto a paróquia de São João Baptista onde trabalha dom Aleksander havia sido confiscada pelo governo e utilizada como armazém para bicicletas: “Quando chegámos, a paróquia estava numa situação complexa. A paróquia foi construída em 1811, logo os soviéticos a confiscam e fazem que seja uma sala de bicicletas e logo em 84 quando chega a Perestroika, a convertem em sala de concertos, que está muito melhor, sala de concertos clássicos. E logo começam no ano de 91 a deixar que se celebre um pouco. Mas como lançam ao sacerdote, voltam a fechar e nos tiram as chaves e há que lutar um pouco para que nos dêem as chaves”.

Actualmente Aleksander é também pároco de outra igreja em Komi. Uma república federal dependente da Rússia. Assegura que aproximadamente cada ano umas dez pessoas se convertem ao catolicismo na sua zona: “Tem havido muitas, bom, segundo como se entenda a coisa. Para o coração do pároco muitas, para a realidade de como se deve fazer uma evangelização, poucas. Mais ou menos tem havido umas 10 pessoas que se converteram cada ano. É uma coisa muito bonita, houve de tudo. Desde gente que se baptizou, até gente que se fez católica desde a ortodoxia ou gente que se fez católica desde o protestantismo”.

A história de Aleksander Burgos é uma mostra mais da vida de tantos sacerdotes que trabalham todavia hoje em lugares onde não se conhece Deus e nos que a Nova Evangelização, é melhor, primeira evangelização.


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