Declarações do bispo egípcio Kyrillos William Samaan
ROMA, Terça-feira, 22 Janeiro 2013
"Prudência,
sabedoria e coragem". Para o bispo de Assiut, no Egipto, dom Kyrillos
William Samaan, estas são as qualidades mais esperadas do novo patriarca
copta católico, que foi eleito em 15 de Janeiro.
O prelado
egípcio, que é administrador patriarcal dos coptas católicos desde Fevereiro por causa dos graves problemas de saúde do cardeal Antonios
Naguib, comenta em conversa com a Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) a
eleição do novo patriarca de Alexandria dos Coptas, Ibrahim Isaac
Sidrak. "Estamos testemunhando hoje a islamização do nosso país. Sua
Beatitude enfrentará desafios decisivos e gerirá uma situação complicada
e nada clara".
O bispo de Assiut não esconde a ansiedade quanto ao destino do Egipto,
aumentada com a aprovação da nova constituição. Unindo-se às críticas
dos bispos de Luxor, dom Joannes Zakaria, e de Gizé, dom Antonios Aziz
Mina, William Samaan define o texto como “um ataque aos direitos
humanos, que preserva somente as prerrogativas dos extremistas
muçulmanos”.
"Nós esperávamos uma constituição que representasse todos os
cidadãos”, diz ele à AIS. “Mas a orientação religiosa da nova
constituição estabelece as bases para um califado islâmico".
Várias cláusulas se referem à conformidade com a lei islâmica. A
constante referência à sharia, segundo o bispo, invalida a credibilidade
do artigo 3º, que garante a igualdade de direitos entre cristãos,
judeus e muçulmanos. "Construir igrejas já era difícil nos tempos de
Mubarak. Agora vai ser pior ainda. Mesmo assim, a nossa situação não é
tão grave quanto a de xiítas, bahai, budistas e outros grupos religiosos
que nem sequer são reconhecidos pela constituição".
A condição das mulheres também preocupa a Igreja católica. Teme-se a
imposição do véu também às não-muçulmanas e a legitimação de casamentos
com meninas pré-adolescentes. Um artigo da nova constituição permite que
as mulheres "sexualmente maduras" se casem, o que autorizaria tais
uniões.
“A tarefa do novo patriarca da Igreja copta católica não é nada
simples", diz dom William, “mas não vai faltar o nosso apoio nem as
nossas orações".
Apoio especial vem também do responsável no Egipto pela fundação Ajuda
à Igreja que Sofre, padre Andrzej Halemba, que trabalhou durante muito
tempo com Sidrak quando ele era bispo de Minya. "Ele é um visionário, um
bispo dinâmico, tem grande capacidade de organização. Muito
comprometido com a sua diocese, tanto na construção de novas igrejas
quanto na realização de projectos sociais, como as ajudas para as meninas
abandonadas".
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