O povo de Deus não está interessado na quimera e originalidade de certas teorias
Edson Sampel
São Paulo, Quinta-feira, 17 Janeiro 2013
A
Congregação para a Doutrina da Fé é um dicastério da cúria romana, ou
seja, um organismo eclesiástico que assiste o papa no governo da Igreja.
A
incolumidade da fé cristã é um bem imensurável. Salvaguardar a doutrina
de Jesus, pregada há mais de dois mil anos, é uma das principais
obrigações da Igreja católica. Afinal de contas, ela é a guardiã do depositum fidei.
O que adianta ouvirmos discursos aparentemente bonitos, mas que
veiculam teses carcomidas e impuras? É a mesma história do sepulcro
caiado... Precisamos da verdade; alimentamo-nos dela.
Entre os misteres da Congregação para a Doutrina da Fé, destaca-se a
análise de livros sob suspeita. No passado não muito remoto, houve casos
em que livros com heresias chegaram a circular na forma de manuais em
seminários e institutos de teologia. Que desgraça! Vicissitude assaz
triste, pois conspurcou-se a sagrada palavra de nosso Senhor Jesus
Cristo, deixando abstrusas as mentes dos jovens estudantes.
O povo de Deus não está interessado na quimera e “originalidade” de
certas teorias. Com efeito, ele anela pela sã doutrina, que efectivamente
o libertará do jugo opressor do relativismo. No fundo, os católicos
sempre quiseram saber apenas o que o magistério infalível ensina. Por
este motivo, determinadas obras literárias que comunicam a posição do
autor, em detrimento da ortodoxia, são denunciadas pela Congregação. É
imprescindível defender sobretudo o crente simples e vulnerável, que não
dispõe de conhecimentos teológicos para separar o joio do trigo, vale
dizer, para diferençar um ensinamento cristão autêntico de um reles
parecer arbitrário.
Temos de ponderar que realmente não é agradável assumir a tarefa de
chamar a atenção dos teólogos, professores e escritores que desbordam do
catolicismo e, às vezes, puni-los com medidas canónicas medicinais.
Todavia, como se costuma dizer: alguém tem de fazer o serviço! E é um
serviço que não há de ser adiado, sob pena de ocorrerem grandes estragos
na cabeça das pessoas incautas.
De quando em quando, é salutar darmos uma olhada no site da Congregação (www.doctrinafidei.va),
com o intuito de verificar se existem novas notas doutrinais ou
disciplinares a respeito de livros que destoem do magistério
eclesial.
Rezemos, pois, pelos membros da Congregação para a Doutrina da Fé, de
modo especial pelo actual prefeito, dom Gerhard Ludwig Muller, pedindo a Deus que este dicastério continue impávido na missão de
auxiliar o sucessor de são Pedro a confirmar os cristãos na verdadeira e
inconcussa fé.
Edson Luiz Sampel é Doutor em Direito Canónico pela Pontifícia Universidade Lateranense, do Vaticano. Membro da União dos Juristas Católicos de São Paulo (Ujucasp).
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