Cadeia de Ocaña II
Levam anos na prisão, mas Jesus Cristo mudou-lhes a sua vida e recuperaram o que acreditam perdido, a verdadeira Liberdade.
Actualizado 12 Outubro 2012
Javier Lozano / ReL
“A verdade é que sou um homem de sorte e a minha sorte vai ligada a Cristo, agora o sei”. Estas palavras ditas por um preso resumem o encontro com o Senhor que se produz nas cadeias espanholas. Milhares de reclusos cumprem condenações nelas e durante este tempo puderam encontrar-se com eles mesmos e com aquele Deus a que tinham esquecido.
Voltam como o filho pródigo, como o que necessita de novo o consolo de um pai. “Não te condeno, vai e não peques mais”. Estas palavras de Jesus a Maria Madalena ressoam com força nestas pessoas que não se sentem abandonadas pela Igreja, mais bem pelo contrário, estão agradecidas por terem-nos ajudado a recuperar a sua dignidade.
Exemplo disso é o que ocorre no centro penitenciário de Ocaña II onde uns 70 presos acodem regularmente aos serviços religiosos. Mais de 10% do total. Antes que deles foram outros os que recuperaram a liberdade e agora vivem a sua fé nas paróquias. Don Eusebio López, capelão desta prisão, conta como viu mudanças em muitos reclusos depois do contacto frequente com a Eucaristia. Relata como nos anos que leva com esta missão baptizou presos, deu-lhes a sua primeira comunhão e os confirmou. Inclusive casou vários destes reclusos e baptizou os seus filhos. “Ainda que só seja por isto, já merece a pena ter-me feito sacerdote”, afirma.
“Vi-os chorar e deixar as drogas”
As missas que se celebram na capela da cadeia são realmente vivas e participadas. “Falam desde uma experiência na qual a palavra que escutam a sentem como curadora”, afirma, acrescentando também que “tenho a experiência de como Deus e o Espírito Santo falam através de pessoas que aparentemente não sabem nada. Vê-se a força do Espírito”.
O encontro com Jesus Cristo provoca estas mudanças. Antonio e Rosario, dois laicos que ajudam na pastoral penitenciária e que transmitindo umas catequeses a estes reclusos viram um “fruto abundante”. “Vi-os chorar e deixar as drogas quando a alguns deles se lhes apresentou Jesus Cristo e o amor de Deus. Agora já dormem tranquilamente”.
Os presos assim o vêem e nas suas experiências fica reflectido. Um destes reclusos de Ocaña II tem claríssimo que “já fomos condenados pela justiça humana ainda contamos com o perdão divino”. Graças às palavras do Evangelho e a Eucaristia “reencontrei a Cristo e recebi o dom da fé, a esperança e o amor e como consequência pude arrepender-me das minhas culpas”. Levando a Palavra à sua vida os reclusos católicos desta cadeia “convertemo-nos no filho pródigo que estava perdido e regressou, na ovelha perdida que o Bom Pastor saiu a procurar e, graças a Deus, encontrou”.
A catequese de um preso ao catequista
Deus escreve direito por linhas tortas e utiliza instrumentos inimagináveis para encontrar-se com as pessoas. Inclusive no facto de que seja um preso o que dá uma palavra de ânimo ao catequista que o visita para o reconfortar. É o que ocorreu nesta cadeia quando um dos voluntários da paróquia deixou de ir durante um tempo à prisão. Então chegou-lhe uma carta de um recluso com umas palavras nada esperadas. “Esta noite senti de Deus dar-te ânimo e te digo que o faças com o teu coração e decidas o que decidas com a tua vida pensa que não é tua, mas sim de Deus. Pessoalmente quero que venhas e assegures o pedaço de céu que Deus te deu e lhe possamos dar graças juntos e toda a glória a quem é o Senhor dos Senhores. DEUS AMA-TE E QUERE O MELHOR PARA A TUA VIDA!”. Estas palavras foram efectivas e anos mais tarde segue acompanhando todas as semanas os presos no seu caminho até Deus.
Os frutos da conversão
O encontro com Cristo transforma a vida do que tem esta experiência porque “onde abundou o pecado sobreabundou a graça”, como disse São Paulo. Por ele, o preso que viu perdoadas as suas culpas também tem o ímpeto de ajudar ao outro, de animá-lo a sair da obscuridade.
Este recluso de Ocaña II escreveu ao resto dos reclusos exortando-os a mudar de vida ponde-lhes como exemplo a sua vida. “O vício, as drogas, a vida desordenada e o excesso conduzem ao delito, à dor e ao nosso sofrimento e dos nossos seres queridos; conduzem a desperdiçar a nossa vida. Sei do que estou falando pois fui alcoólico e fumador empedernido de base de cocaína. Vi a dor nos olhos da minha mãe, a angústia do meu pai, a tristeza da minha esposa, a vergonha das minhas filhas…chorei de vergonha, de raiva e impotência. Conheci o fracasso e o desperdício da minha vida”.
Sem dúvida, na sua experiência afirma com convencimento que “se pode deter essa espiral de degradação. Eu, graças a Deus, o consegui, por isso sei que se pode; que tu companheiro, também podes. Faze-lo por ti, por aqueles que te amam. Deixa a droga, deixa a perca de tempo, toma a sério a tua vida porque, crê, és algo sério. Recorda que a juventude não é eterna, que a saúde perde-se e que pior ainda que morrer de sobredoses é envelhecer sem dignidade, escravo do vício, sem saúde nem amor”.
Apesar das dificuldades sim se pode. “Sei que não é fácil, eu sei o duro que é porque o fiz e te juro que vendo a alegria da minha mãe, vendo o meu pai, a minha mulher e as minhas filhas orgulhosas de mim, dou graças a Deus e, com uma serenidade da alma que acreditava ter perdido, digo a mim mesmo que valeu a pena”.
Uma experiência dirigida aos jovens
Os jovens também puderam escutar as experiências dos reclusos por ocasião da visita da Cruz da JMJ à prisão. Ali lhes explicaram as consequências dos pecados. Um deles lhes explicou como teve tudo na vida: dinheiro, um bom trabalho, uma família... “Depois quis provar coisas novas, bebidas, drogas, outros ambientes. Sem dar-me conta fui-me afastando de tudo o bom que havia conseguido” até acabar na cadeia.
Sem dúvida, “ao dar-me conta, voltei a Ele, chamei à sua porta e me abriu, Ele sempre esteve esperando-me. E que se passou? A uma velocidade incrível tudo voltou; o primeiro foi o respeito por mim mesmo e o dos demais, o resto foi mais fácil”. “A verdade é que sou um homem de sorte e a minha sorte vai ligada a Cristo, agora o sei”.
Levam anos na prisão, mas Jesus Cristo mudou-lhes a sua vida e recuperaram o que acreditam perdido, a verdadeira Liberdade.
Actualizado 12 Outubro 2012
Javier Lozano / ReL
“A verdade é que sou um homem de sorte e a minha sorte vai ligada a Cristo, agora o sei”. Estas palavras ditas por um preso resumem o encontro com o Senhor que se produz nas cadeias espanholas. Milhares de reclusos cumprem condenações nelas e durante este tempo puderam encontrar-se com eles mesmos e com aquele Deus a que tinham esquecido.
Voltam como o filho pródigo, como o que necessita de novo o consolo de um pai. “Não te condeno, vai e não peques mais”. Estas palavras de Jesus a Maria Madalena ressoam com força nestas pessoas que não se sentem abandonadas pela Igreja, mais bem pelo contrário, estão agradecidas por terem-nos ajudado a recuperar a sua dignidade.
Exemplo disso é o que ocorre no centro penitenciário de Ocaña II onde uns 70 presos acodem regularmente aos serviços religiosos. Mais de 10% do total. Antes que deles foram outros os que recuperaram a liberdade e agora vivem a sua fé nas paróquias. Don Eusebio López, capelão desta prisão, conta como viu mudanças em muitos reclusos depois do contacto frequente com a Eucaristia. Relata como nos anos que leva com esta missão baptizou presos, deu-lhes a sua primeira comunhão e os confirmou. Inclusive casou vários destes reclusos e baptizou os seus filhos. “Ainda que só seja por isto, já merece a pena ter-me feito sacerdote”, afirma.
“Vi-os chorar e deixar as drogas”
As missas que se celebram na capela da cadeia são realmente vivas e participadas. “Falam desde uma experiência na qual a palavra que escutam a sentem como curadora”, afirma, acrescentando também que “tenho a experiência de como Deus e o Espírito Santo falam através de pessoas que aparentemente não sabem nada. Vê-se a força do Espírito”.
O encontro com Jesus Cristo provoca estas mudanças. Antonio e Rosario, dois laicos que ajudam na pastoral penitenciária e que transmitindo umas catequeses a estes reclusos viram um “fruto abundante”. “Vi-os chorar e deixar as drogas quando a alguns deles se lhes apresentou Jesus Cristo e o amor de Deus. Agora já dormem tranquilamente”.
Os presos assim o vêem e nas suas experiências fica reflectido. Um destes reclusos de Ocaña II tem claríssimo que “já fomos condenados pela justiça humana ainda contamos com o perdão divino”. Graças às palavras do Evangelho e a Eucaristia “reencontrei a Cristo e recebi o dom da fé, a esperança e o amor e como consequência pude arrepender-me das minhas culpas”. Levando a Palavra à sua vida os reclusos católicos desta cadeia “convertemo-nos no filho pródigo que estava perdido e regressou, na ovelha perdida que o Bom Pastor saiu a procurar e, graças a Deus, encontrou”.
A catequese de um preso ao catequista
Deus escreve direito por linhas tortas e utiliza instrumentos inimagináveis para encontrar-se com as pessoas. Inclusive no facto de que seja um preso o que dá uma palavra de ânimo ao catequista que o visita para o reconfortar. É o que ocorreu nesta cadeia quando um dos voluntários da paróquia deixou de ir durante um tempo à prisão. Então chegou-lhe uma carta de um recluso com umas palavras nada esperadas. “Esta noite senti de Deus dar-te ânimo e te digo que o faças com o teu coração e decidas o que decidas com a tua vida pensa que não é tua, mas sim de Deus. Pessoalmente quero que venhas e assegures o pedaço de céu que Deus te deu e lhe possamos dar graças juntos e toda a glória a quem é o Senhor dos Senhores. DEUS AMA-TE E QUERE O MELHOR PARA A TUA VIDA!”. Estas palavras foram efectivas e anos mais tarde segue acompanhando todas as semanas os presos no seu caminho até Deus.
Os frutos da conversão
O encontro com Cristo transforma a vida do que tem esta experiência porque “onde abundou o pecado sobreabundou a graça”, como disse São Paulo. Por ele, o preso que viu perdoadas as suas culpas também tem o ímpeto de ajudar ao outro, de animá-lo a sair da obscuridade.
Este recluso de Ocaña II escreveu ao resto dos reclusos exortando-os a mudar de vida ponde-lhes como exemplo a sua vida. “O vício, as drogas, a vida desordenada e o excesso conduzem ao delito, à dor e ao nosso sofrimento e dos nossos seres queridos; conduzem a desperdiçar a nossa vida. Sei do que estou falando pois fui alcoólico e fumador empedernido de base de cocaína. Vi a dor nos olhos da minha mãe, a angústia do meu pai, a tristeza da minha esposa, a vergonha das minhas filhas…chorei de vergonha, de raiva e impotência. Conheci o fracasso e o desperdício da minha vida”.
Sem dúvida, na sua experiência afirma com convencimento que “se pode deter essa espiral de degradação. Eu, graças a Deus, o consegui, por isso sei que se pode; que tu companheiro, também podes. Faze-lo por ti, por aqueles que te amam. Deixa a droga, deixa a perca de tempo, toma a sério a tua vida porque, crê, és algo sério. Recorda que a juventude não é eterna, que a saúde perde-se e que pior ainda que morrer de sobredoses é envelhecer sem dignidade, escravo do vício, sem saúde nem amor”.
Apesar das dificuldades sim se pode. “Sei que não é fácil, eu sei o duro que é porque o fiz e te juro que vendo a alegria da minha mãe, vendo o meu pai, a minha mulher e as minhas filhas orgulhosas de mim, dou graças a Deus e, com uma serenidade da alma que acreditava ter perdido, digo a mim mesmo que valeu a pena”.
Uma experiência dirigida aos jovens
Os jovens também puderam escutar as experiências dos reclusos por ocasião da visita da Cruz da JMJ à prisão. Ali lhes explicaram as consequências dos pecados. Um deles lhes explicou como teve tudo na vida: dinheiro, um bom trabalho, uma família... “Depois quis provar coisas novas, bebidas, drogas, outros ambientes. Sem dar-me conta fui-me afastando de tudo o bom que havia conseguido” até acabar na cadeia.
Sem dúvida, “ao dar-me conta, voltei a Ele, chamei à sua porta e me abriu, Ele sempre esteve esperando-me. E que se passou? A uma velocidade incrível tudo voltou; o primeiro foi o respeito por mim mesmo e o dos demais, o resto foi mais fácil”. “A verdade é que sou um homem de sorte e a minha sorte vai ligada a Cristo, agora o sei”.
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