uitos dos cenários apresentados para 2013 aparecem pintados de cores fortes, violentas, mesmo dramáticas, o que me parece um mau princípio e merece, por isso, toda a minha discordância e reprovação. Realismo não se, confunde com pessimismo, nem muito menos com derrotismo, e capitulação. Qual é o atleta que parte para uma prova convicto de que não vencerá, ou não chegará sequer ao fim! Qual o futuro para um doente a quem se diz que não tem salvação possível? Retirar a alguém a esperança no futuro é derrota-lo antecipadamente, retirando-lhe argumentos para se defender, e oferecendo-lhe apenas como horizonte o desespero, a humilhação, o nada.
Não posso, de modo nenhum, concordar com as opiniões mais derrotistas e catastrofistas, embora esteja convicto de que deve haver realismo nas análises feitas e seriedade nas decisões a tomar, pois, de outro modo, não será possível corrigir erros do passado e empreender um novo caminho rumo a opções diferentes e mais acertadas. Estas, penso, deverão ser sempre baseadas na verdade e na justiça, movidas pelo desejo maior do bem comum, e consolidadas num correcto modelo de desenvolvimento, que respeite a dignidade e direitos das pessoas, as integre a todas e não exclua ninguém, nem crie um fosso entre cidadãos do mesmo país ou região. Um novo caminho é possível e metas mais acertadas e ambiciosas também, mas isso dependerá também de cada um de nós, pois, nas devidas proporções, todos somos responsáveis pelo nosso país e pelo seu futuro.
Como cristão sou naturalmente um espírito positivo, pois a fé "move montanhas” e dános sempre novas razões para a esperança e este novo ano tem para mim dois fortes motivos para me sentir entusiasmado: O Ano da Fé, convocado pelo Papa Bento XVI, e o Sínodo Diocesano, convocado pelo nosso Bispo, D. António Vitalino. Creio que ambos os acontecimentos, salvaguardadas as respectivas diferenças, poderão contribuir para a renovação da vida e da qualidade da fé dos cristãos, com reflexos decerto na Sociedade, no Mundo, pois a lgreja, “perita em humanidade" (Paulo VI), está no Mundo, encarnada, como Cristo, nas suas mais diversas e complexas realidades, para o servir e ajudar cada ser humano a realizar-se e realizar a sua vocação à felicidade e ao bem-estar, como o desejou e afirmou há cinquenta anos, o Concílio Vaticano II.
Este novo ano convida-nos, por isso, como cristãos, a entrarmos numa dinâmica de reflexão sobre o nosso próprio ser e agir, e a estarmos abertos à conversão, para encontrarmos novos caminhos de renovação pessoal e comunitária e de purificação para a Igreja.
Desejo para todos os nossos leitores, para o nosso País e para toda a Humanidade um ano de 2013 não só cheio de boas intenções, mas da firme convicção de que o amanhã pode ser melhor, se todos dermos o nosso contributo, por mais pequeno que seja. Este desejo é extensivo também aos cristãos, neste Ano da Fé, e aos cristãos de Beja, neste luminoso projecto que é o Sínodo Diocesano. Um 2013 cheio de realismo, mas de esperança!
Padre Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 249, 11 de Janeiro de 2013
in Ecos de Grândola, nº 249, 11 de Janeiro de 2013