sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Ano novo, esperança renovada


uitos dos cenários apresentados para 2013 aparecem pintados de cores fortes, violentas, mesmo dramáticas, o que me parece um mau princípio e merece, por isso, toda a minha discordância e reprovação. Realismo não se, confunde com pessimismo, nem muito menos com derrotismo, e capitulação. Qual é o atleta que parte para uma prova convicto de que não vencerá, ou não chegará sequer ao fim! Qual o futuro para um doente a quem se diz que não tem salvação possível? Retirar a alguém a esperança no futuro é derrota-lo antecipadamente, retirando-lhe argumentos para se defender, e oferecendo-lhe apenas como horizonte o desespero, a humilhação, o nada.

Não posso, de modo nenhum, concordar com as opiniões mais derrotistas e catastrofistas, embora esteja convicto de que deve haver realismo nas análises feitas e seriedade nas decisões a tomar, pois, de outro modo, não será possível corrigir erros do passado e empreender um novo caminho rumo a opções diferentes e mais acertadas. Estas, penso, deverão ser sempre baseadas na verdade e na justiça, movidas pelo desejo maior do bem comum, e consolidadas num correcto modelo de desenvolvimento, que respeite a dignidade e direitos das pessoas, as integre a todas e não exclua ninguém, nem crie um fosso entre cidadãos do mesmo país ou região. Um novo caminho é possível e metas mais acertadas e ambiciosas também, mas isso dependerá também de cada um de nós, pois, nas devidas proporções, todos somos responsáveis pelo nosso país e pelo seu futuro.

Como cristão sou naturalmente um espírito positivo, pois a fé "move montanhas” e dá­nos sempre novas razões para a esperança e este novo ano tem para mim dois fortes motivos para me sentir entusiasmado: O Ano da Fé, convocado pelo Papa Bento XVI, e o Sínodo Diocesano, convocado pelo nosso Bispo, D. António Vitalino. Creio que ambos os acontecimentos, salvaguardadas as respectivas diferenças, poderão contribuir para a renovação da vida e da qualidade da fé dos cristãos, com reflexos decerto na Sociedade, no Mundo, pois a lgreja, “perita em humanidade" (Paulo VI), está no Mundo, encarnada, como Cristo, nas suas mais diversas e complexas realidades, para o servir e ajudar cada ser humano a realizar-se e realizar a sua vocação à felicidade e ao bem-estar, como o desejou e afirmou há cinquenta anos, o Concílio Vaticano II.

Este novo ano convida-nos, por isso, como cristãos, a entrarmos numa dinâmica de reflexão sobre o nosso próprio ser e agir, e a estarmos abertos à conversão, para encontrarmos novos caminhos de renovação pessoal e comunitária e de purificação para a Igreja.

Desejo para todos os nossos leitores, para o nosso País e para toda a Humanidade um ano de 2013 não só cheio de boas intenções, mas da firme convicção de que o amanhã pode ser melhor, se todos dermos o nosso contributo, por mais pequeno que seja. Este desejo é extensivo também aos cristãos, neste Ano da Fé, e aos cristãos de Beja, neste luminoso projecto que é o Sínodo Diocesano. Um 2013 cheio de realismo, mas de esperança!

Padre Manuel António Guerreiro do Rosário
in Ecos de Grândola, nº 249, 11 de Janeiro de 2013