sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

«Chicharito», o futebolista da moda em Inglaterra, recebe ameaças por testemunhar a sua fé em público

Põe-se de joelhos no campo antes de cada partida
 


O futebolista mexicano triunfa no histórico Manchester United. O seu lema para o êxito se resume em três palavras: "Deus, família, perseverança". Nunca oculta a sua fé católica e isso granjeou-lhe ameaças na Europa.

Actualizado 11 Janeiro 2013

Javier Lozano /ReL

«Javier “Chicharito” Hernández é o futebolista mexicano do momento e uma das sensações do futebol inglês pelas suas grandes actuações com o Manchester United com quem conseguiu ser o melhor jogador da Premier League no passado mês de Dezembro.

Sem dúvida, não só o seu futebol e os seus golos impressionaram os ingleses mas sim que a profunda fé e a humildade deste jovem de 23 anos o puseram como exemplo para os jovens. Aparece já nas listas dos desportistas mais religiosos do mundo.

Fala sempre de Deus
Apesar da fama e o dinheiro, Chicharito não perdeu o norte e tem muito claro de onde vem e até onde vai. Nunca ocultou a sua fervorosa fé católica, e mais, surpreende a quantidade de vezes que fala de Deus. Em todas e cada uma das suas entrevistas e aparições públicas dá-lhe graças pelo que tem e pela oportunidade de jogar futebol.

A imagem mais chamativa e mais conhecida deste futebolista produz-se antes de cada partida quando se põe de joelhos com os olhos fechados e com os braços abertos enquanto ora. “Sempre rezo em campo antes de uma partida. É uma rotina importante para mim mas não é superstição”, afirma. “Gosto de rezar, posso falar com Deus e digo-lhe que cuide da saúde de ambas as equipas”.

Um anjo nos “diabos vermelhos”

Curiosamente, este “anjo” que reza pelos companheiros e rivais presta os seus serviços no histórico Manchester United, conhecido popularmente em todo o mundo como os “red devils”, os diabos vermelhos. Um anjo entre demónios.

Apesar disso, a sua religiosidade já lhe causou vários problemas no futebol britânico. Sofreu ameaças dos protestantes do Rangers pela sua devoção católica e inclusive diferentes entidades tentaram convencê-lo de que não rezasse em público para não aquecer o ambiente.

Orgulhoso de ser católico
Esta fé de que faz gala interrogou seguidores e jornalistas na Inglaterra. Mas ele o tem claro: “sou católico, não tenho medo de dizê-lo. Na minha casa recebi uma educação católica, a minha avozinha é sobretudo muito católica e é a base da nossa família”. E é que a sua avó, dona Lucha, inculcou-lhe desde pequeno o seu amor à Igreja Católica e à Virgem Maria, algo que este futebolista de êxito não esqueceu.

Deus e a família, a chave do êxito

A família é o mais importante para ele e a que lhe deu estabilidade num mundo tão complicado como o do futebol. Numa entrevista perguntaram-lhe que definisse o êxito em três palavras e não duvidou: “Deus, família, perseverança”.

Se já conseguiu triunfar no futebol, o seu sonho desde criança, agora vai a caminho de realizar o segundo, que passa por casar-se e ser pai. Pese o êxito contínua com a sua noiva de toda a vida. “Quero ser esposo, quero ser pai de família, mas tudo no seu devido tempo. Deus vai decidir isso, e quando seja, obviamente mudará toda a minha vida”.

Agradecido a Deus
Tal como a sua fé, a humildade que demonstra no dia-a-dia não deixa indiferente ninguém em Manchester. Chicharito relata que “considero-me uma pessoa realizando os seus sonhos, lutando pelo que sempre sonhou desde criança, fazendo o que sempre quis…mas não vai haver profissão, nem trabalho, nem realizações, nem dinheiro que me façam sentir mais ou menos que os outros. Sempre estarei muito agradecido à minha família e também a Deus, por ter-me inculcado isto”.

Este carácter também se foi forjando com distintos acontecimentos da sua vida, que lhe fizeram dar a verdadeira importância às coisas. De facto, esteve a ponto de abandonar o futebol e foi essa crise a que o levou até Deus.

A crise que mudou a sua vida
“Estive próximo de retirar-me, tinha muitas dúvidas sobre se seguir ou não neste caminho em que Deus me havia posto. Não estava jogando muito e estava de reserva” e comecei a estar muito triste. Nesse momento, um companheiro seu no Chivas, Ramón Morales, treze anos mais velho do que ele, ajudou-o de sobremaneira. Assim o relata o veterano jogador: “a forma em que tratei de ajudá-lo era dizer-lhe que confiasse muito em Deus, eu creio, ele crê muito em Deus, a sua família crê. E que Deus dá quando nos esforçamos, quando fazemos as coisas com honestidade, respeito e dedicação”.

Pouco a pouco, nesta situação foi-se aferrando cada vez mais a Deus e começou a “ver a vida desde outra perspectiva, saber que se não me vai bem no futebol posso ser feliz, é quando aprendi que a vida é mais que a tua profissão, porque ainda que seja o teu sonho, ainda que lutes por ele não é tudo. Assim comecei a desfrutar de cada treino, cada minuto, cada momento de estar com a minha família. Comecei a desfrutar de muitíssimas coisas mais além do futebol. Apeguei-me muito a Deus e creio que isso ajudou-me bastante para poder crer mais Nele e ver a vida de outra maneira”.

O sábio conselho da sua avó
Há um conselho da sua avó que o acompanhou desde então e que afirma que nunca esquecerá e que diz que “o tempo de Deus é perfeito e Deus saberá os tempos para cada um”. E as consequências são evidentes. Depois deste baixo na sua carreira arrancou. É o ídolo mexicano, goleador da sua selecção no Mundial e agora triunfa na Europa. Mas sem Deus e a sua família não haveria sido possível. Chicharito não o esquece.


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