segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Renascer do alto, de Deus, da Graça

Palavras de Bento XVI ao recitar o Angelus

CIDADE DO VATICANO, Domingo, 13 Janeiro 2013.

Apresentamos as palavras pronunciadas ao meio-dia de hoje, durante a oração do Angelus pelo Papa Bento XVI aos fiéis e peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

(Antes do Angelus)
Queridos irmãos e irmãs!

Com este domingo após a Epifania se conclui o Tempo litúrgico do Natal: tempo de luz, a luz de Cristo que, como novo sol aparecendo no horizonte da humanidade, dissipa as trevas do mal e da ignorância. Celebramos hoje a festa do Baptismo de Jesus: aquele Menino, filho da Virgem, que contemplamos no mistério do seu nascimento; o vemos hoje adulto imergir-se nas águas do rio Jordão, e santificar assim todas as águas e o cosmo inteiro, como evidencia a tradição oriental. Mas porque Jesus, no qual não havia sombra do pecado, fez-se baptizar por João? Por que queria cumprir aquele gesto de penitência e de conversão, junto a tantas pessoas que queriam assim preparar-se para a vinda do Messias? Aquele gesto – que marca o início da vida pública de Cristo – coloca-se na mesma linha da Encarnação, da descida de Deus do mais alto céu ao abismo do inferno. O senso deste movimento de abaixamento divino se resume em uma única palavra: amor, que é o nome próprio de Deus. Escreve o apóstolo João: “Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: Deus mandou ao mundo o seu Filho unigénito, para que vivamos por ele”, e o mandou “como expiação dos nossos pecados” (1 Jo 4, 9-10). Então porque o primeiro ato público de Jesus foi receber o baptismo de João, o qual, vendo-o chegar, disse: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).

Narra o evangelista Lucas que enquanto Jesus recebendo o baptismo, “estava em oração, o céu se abriu e desceu sobre Ele o Espírito Santo em forma corpórea, como uma pomba, e veio uma voz do céu: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer” (3, 21-22). Este Jesus é o filho de Deus que é totalmente imerso na vontade de amor do Pai. Este Jesus é Aquele que morrerá na cruz e ressurgirá pela potência do mesmo Espírito que agora pousa sobre Ele e o consagra. Este Jesus é o homem novo que quer viver como filho de Deus, ou seja, no amor; o homem que frente ao mal do mundo, escolhe a via da humildade e da responsabilidade, escolhe não salvar a si mesmo, mas oferecer a própria vida pela verdade e pela justiça. Ser cristão significa viver assim, mas este estilo de vida comporta um renascimento: renascer do alto, de Deus, da Graça. Este renascimento é o Baptismo, que Cristo doou à sua Igreja para regenerar os homens à uma vida nova. Afirma um antigo texto atribuído a santo Hipólito: “Quem cai com fé neste banho de renascimento, renuncia ao diabo e se afeiçoa com Cristo, nega o inimigo e reconhece que Cristo é Deus, se despoja da escravidão e se veste de adopção filial (Discurso da Epifania, 10:pg 10, 862).

Segundo a tradição, nesta manhã tive a alegria de baptizar um grande grupo de crianças que nasceram nos últimos três ou quatro meses. Neste momento, gostaria de estender a minha oração e a minha bênção a todos os recém nascidos; mas, sobretudo, convidar a todos a recordar do próprio Baptismo, daquele renascimento espiritual que nos abriu o caminho da vida eterna. Possa cada cristão, neste Ano da Fé, redescobrir a beleza de ser renascido do alto, do amor de Deus, e viver como filho de Deus.  

(Após o Angelus)
Queridos irmãos e irmãs!

Hoje celebramos o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. Na mensagem deste ano comparei a migração a uma "peregrinação de fé e de esperança." Quem deixa sua terra o faz porque espera um futuro melhor, mas o faz também porque confia em Deus, que guia os passos do homem, como Abraão. E assim os migrantes são portadores de fé e de esperança no mundo. A cada um deles dirijo hoje a minha saudação, com uma oração e bênção especiais. Saúdo em particular as comunidades católicas de migrantes presentes em Roma, e as confio à protecção de santa Cabrini e do beato Scalabrini.


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