Saudação do irmão Alois, prior de Taizé, ao Papa Bento XVI
ROMA, Segunda-feira, 31 Dezembro 2012.
A Comunidade de Taizé que realiza o Encontro Europeu de Roma
entre os dias 28 de Dezembro e 2 de Janeiro na capital italiana, reuniu
no sábado, 29 de Dezembro, 45 mil jovens, ortodoxos, católicos e
protestantes na praça de São Pedro para uma oração comunitária com o
papa Bento XVI.
Apresentamos a seguir a Saudação do irmão Alois, prior de Taizé, ao Papa Bento XVI, divulgada pelo site oficial da Comunidade.
Santo Padre,
Hoje cumpre-se uma etapa importante da nossa «peregrinação de
confiança através da terra». Viemos de toda a Europa, e também de outros
continentes, pertencendo a diferentes confissões religiosas. O que nos
une é mais forte do que o que nos separa: um único baptismo e a mesma
Palavra de Deus unem-nos. Viemos esta noite celebrar à volta do Santo
Padre esta unidade, real, mesmo se ela não está ainda completamente
concretizada. É ao olharmos juntos para Cristo que ela se aprofunda.
O irmão Roger deixou em herança à nossa comunidade a sua preocupação
por transmitir o Evangelho, em particular aos jovens. Ele estava muito
consciente de que as separações entre cristãos são um obstáculo à fé.
Abriu caminhos de reconciliação que ainda não acabámos de explorar.
Inspirados pelo seu testemunho, são muito numerosos os que gostariam de
antecipar a reconciliação através das suas vidas; que gostariam de viver
já reconciliados.
Cristãos reconciliados podem tornar-se testemunhas da paz e da
comunhão, portadores de uma nova solidariedade entre os seres humanos.
A procura de uma relação pessoal com Deus é o fundamento do nosso
caminho. Este ecumenismo da oração não encoraja uma tolerância fácil;
favorece uma escuta mútua exigente e um diálogo verdadeiro.
Ao rezarmos aqui esta noite, não podemos esquecer que a última carta
escrita pelo irmão Roger, mesmo antes da sua morte violenta, foi
dirigida ao Santo Padre, para dizer que a nossa comunidade gostava de
caminhar em comunhão convosco. Também não podemos esquecer como, depois
desta morte trágica, o vosso apoio foi precioso para nos encorajar a
continuarem frente. Então, gostaria de vos voltar a garantir a afeição
profunda dos nossos corações pela vossa pessoa e pelo vosso ministério.
Para terminar, gostaria de trazer o testemunho de esperança de um
grande número de jovens africanos com os quais estivemos reunidos há um
mês em Kigali, no Ruanda. Vinham de 35 países, entre os quais o Congo,
concretamente a região do Kivu do Norte, para viver uma peregrinação de
reconciliação e de paz. A grande vitalidade destes jovens cristãos é uma
promessa para o futuro da Igreja.
Estes jovens africanos quiseram que trouxéssemos connosco um sinal da
sua esperança: grãos de sorgo, para que cresçam na Europa. Permiti-me,
Santo Padre, que vos dê, da parte deles, um pequeno cesto tradicional
ruandês, chamado «agaseke», juntamente com algumas destas sementes de
esperança vindas de África. Poderão elas ser semeadas e florir nos
jardins do Vaticano?
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