quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O profundo amor de Deus por aqueles que estão na dor

Na mensagem para a Jornada do Enfermo, Bento XVI encorajou a acolher com amor cada vida humana, principalmente se fraca e doente, seguindo o exemplo do Bom Samaritano

Salvatore Cernuzio

CIDADE DO VATICANO, Terça-feira, 8 Janeiro 2013.

“Vocês nem estão abandonados e nem são inúteis: vocês são chamados por Cristo, vocês são a sua imagem transparente”. Estas foram as palavras que os Padres do Concílio Ecumênico Vaticano II dirigiram aos pobres, aos enfermos e aos sofredores na sua Mensagem.

Cinquenta anos mais tarde, por ocasião da XXI Jornada do Enfermo, Bento XVI faz suas estas palavras "reconfortantes" para expressar a própria proximidade a todos aqueles que “nos locais de atendimento e de tratamento ou até mesmo em casa", estão enfrentando "um difícil momento de prova por causa da doença e do sofrimento".

A Jornada será celebrada solenemente sexta-feira, 11 de Fevereiro, memória litúrgica da Beata Virgem Maria de Lourdes, no Santuário mariano de Altötting. Será um "momento de forte oração” para os enfermos, os profissionais de saúde e pastorais e as pessoas de boa vontade - disse o Papa -, bem como uma oportunidade "de oferecer o sofrimento para o bem da Igreja e como uma chamada para que todos reconheçam no rosto do irmão enfermo a Sagrada Face de Cristo”.

Centro da Mensagem de Bento XVI é a parábola do Bom Samaritano narrada por São Lucas. Com o exemplo desta figura "emblemática" - disse o Papa - Cristo "quer dar a entender o amor profundo de Deus por cada ser humano, especialmente quando está na doença e na dor".

Em particular, as palavras finais da parábola são a chave de interpretação do texto do Papa: “Vá e também faça o mesmo” (Lc 10, 37). Com isso “o Senhor indica qual é a atitude que deve ter todo discípulo seu com os outros, especialmente se têm necessidade de cuidados”.

É óbvio o paralelismo já apontado por vários Padres da Igreja entre o Bom Samaritano e Jesus, ou seja “Aquele que torna presente o amor do Pai, sem barreiras ou fronteiras", ao ponto de desvestir-se do seu “hábito divino”, para aproximar-se misericordioso “do abismo do sofrimento humano”. O amor de Deus pelo homem é um “amor infinito”: desta atitude - observa o Santo Padre - através da oração, é possível alcançar “a força de viver quotidianamente uma atenção concreta com relação aos feridos no corpo e no espírito, de quem pede ajuda, também se desconhecido e sem recursos”.

Isso não vale só para os agentes pastorais e sanitários, mas também para o mesmo enfermo que portanto “pode viver a própria condição numa perspectiva de fé”. Como afirmava de fato a Spe Salvi: "Não é o evitar o sofrimento, a fuga diante da dor, que cura o homem, mas a capacidade de aceitar a tribulação e amadurecer nela, de encontrar sentido por meio da união com Cristo, que sofreu com infinito amor”.

Bento XVI recordou ainda as figuras importantes da Igreja "que ajudaram as pessoas doentes a valorizarem o sofrimento humano e espiritual”, como estímulo e exemplo para intensificar “a diaconia da caridade” durante o Ano da Fé. Portanto: Santa Teresa do Menino Jesus, que viveu a doença “em união profunda com a Paixão de Jesus”; o Venerável Luiz Novarese, que acompanhava os doentes nos Santuários marianos; Raoul Follereau que dedicou a própria vida aos cuidados das pessoas com Alzheimer.

E depois: a beata Teresa de Calcutá que depois de ter encontrado Jesus na Eucaristia, saía pelas ruas para servir “o Senhor presente nos que sofrem”. E Santa Ana Schäffer que transformou seu "leito de dor" em uma "cela conventual" unindo de forma exemplar os próprios sofrimentos aos de Cristo.

No entanto - mostra Bento XVI - o maior exemplo é o da Virgem Maria que diante do “supremo sacrifício” do Filho sofredor no Gólgota, nunca perdeu a “esperança na vitória de Deus sobre o mal, sobre a dor e sobre a morte”, mas acolheu “com o mesmo abraço de fé e de amor o Filho de Deus nascido na gruta de Belém e morto na cruz”.

O pensamento final do Santo Padre foi a todos os que dedicam as suas vidas à cura dos outros: as instituições de saúde católicas, as dioceses, as comunidades cristãs, as famílias religiosas, as  associações dos profissionais de saúde e os voluntários. "Que em todos – deseja o Papa – possa aumentar a consciência de que na acolhida amorosa e generosa de toda vida humana, especialmente dos fracos e enfermos, a Igreja vive hoje um momento fundamental da sua missão”.


(Trad.TS)

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