Na mensagem para a Jornada do Enfermo, Bento XVI encorajou a
acolher com amor cada vida humana, principalmente se fraca e doente,
seguindo o exemplo do Bom Samaritano
Salvatore Cernuzio
CIDADE DO VATICANO, Terça-feira, 8 Janeiro 2013.
“Vocês
nem estão abandonados e nem são inúteis: vocês são chamados por Cristo,
vocês são a sua imagem transparente”. Estas foram as palavras que os
Padres do Concílio Ecumênico Vaticano II dirigiram aos pobres, aos
enfermos e aos sofredores na sua Mensagem.
Cinquenta anos mais
tarde, por ocasião da XXI Jornada do Enfermo, Bento XVI faz suas estas
palavras "reconfortantes" para expressar a própria proximidade a todos
aqueles que “nos locais de atendimento e de tratamento ou até mesmo em
casa", estão enfrentando "um difícil momento de prova por causa da
doença e do sofrimento".
A Jornada será celebrada solenemente sexta-feira, 11 de Fevereiro,
memória litúrgica da Beata Virgem Maria de Lourdes, no Santuário mariano
de Altötting. Será um "momento de forte oração” para os enfermos, os
profissionais de saúde e pastorais e as pessoas de boa vontade - disse o
Papa -, bem como uma oportunidade "de oferecer o sofrimento para o bem
da Igreja e como uma chamada para que todos reconheçam no rosto do irmão
enfermo a Sagrada Face de Cristo”.
Centro da Mensagem de Bento XVI é a parábola do Bom Samaritano
narrada por São Lucas. Com o exemplo desta figura "emblemática" - disse o
Papa - Cristo "quer dar a entender o amor profundo de Deus por cada ser
humano, especialmente quando está na doença e na dor".
Em particular, as palavras finais da parábola são a chave de
interpretação do texto do Papa: “Vá e também faça o mesmo” (Lc 10, 37).
Com isso “o Senhor indica qual é a atitude que deve ter todo discípulo
seu com os outros, especialmente se têm necessidade de cuidados”.
É óbvio o paralelismo já apontado por vários Padres da Igreja entre o
Bom Samaritano e Jesus, ou seja “Aquele que torna presente o amor do
Pai, sem barreiras ou fronteiras", ao ponto de desvestir-se do seu
“hábito divino”, para aproximar-se misericordioso “do abismo do
sofrimento humano”. O amor de Deus pelo homem é um “amor infinito”:
desta atitude - observa o Santo Padre - através da oração, é possível
alcançar “a força de viver quotidianamente uma atenção concreta com
relação aos feridos no corpo e no espírito, de quem pede ajuda, também
se desconhecido e sem recursos”.
Isso não vale só para os agentes pastorais e sanitários, mas também
para o mesmo enfermo que portanto “pode viver a própria condição numa
perspectiva de fé”. Como afirmava de fato a Spe Salvi: "Não é o evitar o
sofrimento, a fuga diante da dor, que cura o homem, mas a capacidade de
aceitar a tribulação e amadurecer nela, de encontrar sentido por meio
da união com Cristo, que sofreu com infinito amor”.
Bento XVI recordou ainda as figuras importantes da Igreja "que
ajudaram as pessoas doentes a valorizarem o sofrimento humano e
espiritual”, como estímulo e exemplo para intensificar “a diaconia da
caridade” durante o Ano da Fé. Portanto: Santa Teresa do Menino Jesus,
que viveu a doença “em união profunda com a Paixão de Jesus”; o
Venerável Luiz Novarese, que acompanhava os doentes nos Santuários
marianos; Raoul Follereau que dedicou a própria vida aos cuidados das
pessoas com Alzheimer.
E depois: a beata Teresa de Calcutá que depois de ter encontrado
Jesus na Eucaristia, saía pelas ruas para servir “o Senhor presente nos
que sofrem”. E Santa Ana Schäffer que transformou seu "leito de dor" em
uma "cela conventual" unindo de forma exemplar os próprios sofrimentos
aos de Cristo.
No entanto - mostra Bento XVI - o maior exemplo é o da Virgem Maria
que diante do “supremo sacrifício” do Filho sofredor no Gólgota, nunca
perdeu a “esperança na vitória de Deus sobre o mal, sobre a dor e sobre a
morte”, mas acolheu “com o mesmo abraço de fé e de amor o Filho de Deus
nascido na gruta de Belém e morto na cruz”.
O pensamento final do Santo Padre foi a todos os que dedicam as suas
vidas à cura dos outros: as instituições de saúde católicas, as
dioceses, as comunidades cristãs, as famílias religiosas, as
associações dos profissionais de saúde e os voluntários. "Que em todos –
deseja o Papa – possa aumentar a consciência de que na acolhida amorosa
e generosa de toda vida humana, especialmente dos fracos e enfermos, a
Igreja vive hoje um momento fundamental da sua missão”.
(Trad.TS)
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